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O pensamento em você é de uma saudade oca.
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O pensamento em você é de uma saudade oca.
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A familiaridade gera indiferença,
uma perda que ninguém pode
recuperar. Apesar de deitarmos
nus e juntos sob o mesmo
cobertor, eu acordarei sozinho.
Somos essas duas extremidades
que não se encaixam exatamente.
Eu poderia me explicar, mas então
você entenderia minha explicação,
não o que eu disse.
Estrangeiros no convívio,
aquilo que sempre cremos saber
é um erro de tradução
e ninguém quer dizer
o que realmente foi dito:
insatisfeitos, remotos um
do outro, tendo nada
o que mais dizer.
10 comentários:
Fabrício,
O poema em si é belo, mas o tema... Ai que texto doído!!!! Saudade, indiferença, perda, afastamento... Infelizmente, sensações rotineiras na vida de todos nós, muitas vezes por falta de comunicação adequada... Aprenderemos a superá-los???
“Mesmo com o nada feito, com a sala escura
Com um nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura
Mesmo com o todavia, com todo dia
Com todo ia, todo não ia
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando” (Chico Buarque)
Que a gente aprenda...
Bj e bom Carnaval...
Raquel,
Quando foi escrito, a dor era mesmo minha companhia. Foi meu modo de exorcizá-la, tirá-la exclusivamente de mim. Chico Buarque sempre teve o dom de - no meio da dor - trazer o belo à baila, e só posso agradecer a você por me mostrar que, mesmo no beco sem saída da angústia, ainda brilha alguma luz, mostrando que há outro rumo.
Como bem expressou você: que a gente aprenda...
Beijo!
Ao deitarem juntos e nus
Sintam à distância os cheiros comuns
Não tente explicar a dor
Ela passa e realça a cor
Satisfação não é algo fácil
É sim um algo inefável
De tradução perfeita e inexata.
Bjuss
Su,
De todos os seus comentários feitos aqui, esse é o mais doce e inspirador.
Muito obrigado!
Beijo!
O mais difícil é aceitar essa percepção e a distância... O caminho a seguir é dolorido, mas necessário! Inté e bom restinho de Carnaval!
Nanda,
Acho que a dificuldade maior está em compartilhar essa percepção, de modo a não ferir, porém mostrando que ela existe e é intransponível. Distanciar-se, a partir daí, sem assumir que é falta de um ou outro, mas de ambos, num processo mais indolor possível (sempre há dor) é resguardar o que restou do afeto e do respeito.
Inté e obrigado pela visita!
Você retrata o relacionamento numa "atmosfera sem sentido", que vai automatizando os gestos...
De tão confusa a situação,não pode ser explicada ao outro.
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Que tudo isto passe! E que lhe seja propiciada a vivência num terreno menos acidentado e, portanto, mais favorável ao ENCONTRO; ou à SERENA ACEITAÇÃO DOS LIMITES!
Grande abraço, CARÍSSIMO POETA.
Caríssima Andrea (sempre sei quando é você, não se preocupe),
Vezes há, nessa minha vida, que senti essa confusão cotidiana muito perto, rente à pele. Achei, também, que era isso a normalidade - pelo menos para mim, aquilo que me cabia. Contudo, via no exemplo de meus pais, de meu irmão, de amigos queridos, que problemas sempre há, mas a automatização não era um dado e que aceitá-la não era determinante. Buscar construir um cotidiano relacional mais ameno é o que nos cabe.
Abraço, com carinho!
Nossa!... Camus, Nietzsche... tanto me lembraste.
Lindo, Franco!
Quanta coisa fica mesmo por dizer nesse 'percurso' pensamento-fala...
Um beijo
Rafaela,
Você me compara com gente tão além de mim que, inevitavelmente, pego-me pensando: será que plagiei alguém? Obrigado pelo carinho da leitura generosa. E que - de alguma forma - saibamos recuperar o que perdemos no que não falamos.
Um beijo!
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