Dizem que o tempo é o solo no qual podemos florescer. Contudo, ele mal passa, vagarosamente: a demora fronteiriça ao vazio. Nossa floração, assim, mais e mais distante.
Dizem também que é preciso dar chance à espera.
Espera, palavra mais descabida: se é nome, mastiga com dentes de agulha a incerteza do que será; se é ordem, é saber de coisas que serão.
Você abre a porta, e há uma pausa desajeitada: entre as batidas do coração e a cadência do relógio, a convergência de ímpetos e trajetos nesse quarto, nesse dia, nessa vida.
No alvoroço quiescente que antecede o som da sua voz, seus olhos em mim, um sorriso em todo corpo.
Naquele momento entre as palavras, enquanto a antecipação flameja pelas veias, é a soma disso tudo que seca minha garganta.