1.
Ruas congestionadas
de veículos exasperados e enfurecidos.
Um mundo de estrépito constante,
onde o eco do barulho do tráfego
ricocheteia nos prédios,
num urro cacofônico e ininterrupto,
numa incessante retroalimentação de ruídos.
Estática dos deuses.
2.
No darwinismo urbano da hora do rush,
eu me lanço num mundo cheio de quinas,
o coração em desalinho.
Transeuntes vagamente relevantes,
na sua indiferença vítrea de pessoas ocupadas,
passam por mim, sequer me notam.
Impenetráveis – nenhuma senha,
nenhuma palavra-chave.
Eu:
estou de visita e continuo sendo
uma sensação inconclusa.
Evitando essa fina desistência da vida,
eutanásia precocíssima,
subsisto em minutos instantes de satori,
no lado de dentro de um sorriso.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Cacofonia,
Elucubração,
Quimera
Instantâneos nesse mundo lambe-lambe
Escrito por
Fabrício César Franco
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12 comentários:
Oprimida é como me sinto, às vzs, pensando nessa visita ao mundo.
Desencaixada é como sou, sem nem pensar muito...
Onde a gente começa e onde termina?
Beijo, Franco!
Fabrício,
Poucos dias atrás, eu era a motorista-turista e, no meio do caos, alheia aos horários, até congestionamento estava divertido. Hoje, a motorista-professora quase teve uma síncope: meu relógio corria muito mais que meu carro.
Prefiro o primeiro instantâneo... Rsrsrsrs...
Bj
Rafaela,
Faço da sua pergunta a minha. Tantas vezes eu vejo meus traços dispostos, a esmo, no encontro (esbarrão) que fortuitamente acontece entre as gentes. Perdemo-nos ou é esse o grande achado?
Beijo!
Raquel,
Nem me fale. Hesito muito em "dar corda" (trocadilho proposital) ao relógio. Ele sempre parece pular segundos, exigir mais dos sessenta minutos de cada hora, demandar uma hora a mais de cada dia; tudo é tão urgente e precário nessa nossa corrida cotidiana...
Eu prefiro férias, sobremaneira!
Beijo!
Após momentos convulsionados no TRÂNSITO da VIDA, volto a ter calma para me deleitar, lendo você.
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No século XXI, extremamente "instigante" a metáfora do título! E, no poema, você faz o "SNAPSHOT" dos fatos, das pessoas e de VOCÊ!
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(O olho do homem serve de fotografia ao invisível" M. A.)
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Grande abraço,
Andrea Marcondes
Andrea,
Gostei deveras da frase. M.A. seria Machado de Assis? Fiquei na dúvida...
Abraço, com muito carinho!
Sim, POETA! A frase é de Machado de Assis( informação fidedigna!)
Aqui está,na íntegra:" O olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio" /Machado de Assis
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Abraço,
Andrea Marcondes
Andrea,
Por isso que me apraz tanto ter seus comentários por aqui: é muito bom ter tanto conhecimento literário disponível. Aprendo sempre e muito.
Grande abraço, com muito carinho!
"Ruas congestionadas de veículos exasperados e enfurecidos." Imagine aqui em Sampa, às seis da tarde, embaixo da garôa, nossa amiga constante destes últimos tempos... Realidade eufórica e perdida num mundo caótico e inexato.
Bjusss
Su,
... Não lhe invejo, sinto em dizer. Foi por causa de congestionamentos e chuvas, além de outros fatores mais drásticos, que eu resolvi mudar-me para o interior. Aqui há outros problemas, porém mais suportáveis.
Beijo!
Acho que já entrei pra categoria 'velha', porque me pego pensando: Antigamente era mais simples...rs - Trânsito, inclusive. Agora, pra sair - e gosto de ser pontual - é preciso ter paciência e perder tempo parada no caos chamado trânsito! Bom carnaval! E tem mudanças no IP; apareça!
Nanda,
Estamos vivendo em maior número em lugares cada vez menores. Como se o contato humano, tão necessário a nós, tivesse que ocorrer à revelia da nossa vontade de espaço, à força de simplesmente ser e a gente, a partir daí, usufruísse do bom que isso traz.
Obrigado pelo convite ao IP, irei lá o quanto antes.
Abraço!
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