“Escolher alguém é desvendar uma vida inteira.
E convidar a pessoa a desvendar a sua”
(Hanif Kureishi)
E convidar a pessoa a desvendar a sua”
(Hanif Kureishi)
O vento põe calafrios
na alma das vidraças,
faz a ecometria do silêncio.
A pupila exercita a orgia
do ver olho no olho.
Você está mais linda do que de costume.
(Não há limite à beleza,
apenas proporções de olhares).
apenas proporções de olhares).
Seu colo é
berço e manjedoura
no desabrigo desta noite,
a diferença entre estar
presente e fazer companhia.
Quem nos dera fosse sempre assim,
essa quietude e contento. Há dias de liça,
rusgas nos pormenores da rotina,
azinhavre na ternura.
Já vivi isso antes e sei de toda a dor,
como tudo acaba.
Seus olhos craseados
ainda me fitam e contam-me
do contrário: toda a perfeição
de me saber adequado
e inequívoco aqui, ao seu lado.
Apesar dos avisos,
esqueço o que sei,
arrisco-me às consequências,
quebro os preceitos.
Minha cremnofobia que se dane,
quero é mais me atirar
nos braços desse precipício.
16 comentários:
Meu querido Bonito, assim como tu, esqueço dos avisos e me jogo nos preciícios que a vida de quando em vez oferta. Grande beijo.
P.S. Colocando minha promessa em dia, de visitar e comentar no teu espaço.
Bonita,
Obrigado pela visita. Que seja a primeira de muitas!
Beijo, com carinho!
Franco, poetíssimo,
a beleza da sua poesia sei q não é só o meu olhar q atribui.
lindo demais isso! cada verso!
uma compreensão singular numa composição digníssima do Romantismo em pleno séc XXI.
obrigada por proporcionar [e re-despertar] esse sentimento de redenção diante da poesia.
um beijo
Poeta,
Obrigada por presentear a mim e todos os seus leitores com tanta beleza e intensidade, e mais ainda por nos lembrar de que, muitas vezes, atirar-se do precipício é também um modo de nos manter vivos.
Belíssimo, como de costume.
Beijo,
Morena
Muito legal Fabrício!! Continue assim. Sucesso!!
Rafaela,
... Fico muito lisonjeado com o que me escreveu. Mesmo. Não me vejo inteiramente romântico, eu que percebo o sentimento se esvanecendo nesses tempos de átimo e átomo. Que, então, meu poema possa lhe instigar a voltar a nos brindar com seus escritos, ao menos!
Um beijo!!
Morena,
Há paraquedas, eles dizem. E redes, também, a nos proteger da dor de cair.
Um beijo, com carinho!
Fredson,
Muitíssimo obrigado pela visita e pelos comentários. Seja sempre muito bem-vindo!
Poeta,
eis o segredo do precipício: aproveitar a adrenalina da corda bamba, mas lembrar da corda de segurança. "Por que de amor, pra entender, é preciso amar" (não consigo lembrar de quem é esta música).
Inté. Bj
Raquel,
Muito obrigado pela citação do Djavan. E sim, adrenalina e rede de segurança faz o melhor malabarismo.
Abraço!!!
Poeta,
se você me permitir, gostaria de fazer uma retificação (após vasculhar meus cd's)... Letra e música são do mestre Caymmi... Canção primorosa na voz da Nana...
Eis os versos na íntegra...
Só Louco (Dorival Caymmi)
Só louco
Amou como eu amei
Só louco
Quis o bem que eu quis
Oh! insensato coração
Por que me fizeste sofrer
Por que de amor para entender
É preciso amar
Porque
Só louco
Inté os próximos versos/canções.
Bj
Raquel,
Melhor ainda saber que a música veio da lavra do mestre Caymmi. Obrigado pela retificação.
Inté!!
Caríssimo POETA,
Humanos, somos frágeis...
Diante dos PRECIPÍCIOS DO AMOR, até cremnóbatas sofrem acidentes...
...................................
( Admiráveis, "como de sempre", as metáforas de seu poema!).
Grande abraço,
Andrea Marcondes
Andrea,
Admirável foi saber que há cremnóbatas...
Abraço, com carinho!
Olá Fabrício,
mais uma vez, passo para parabenizá-lo e agradecer pelo presente que é sua poesia. Muito lindo o seu poema, de verdade. Para mim, eis o grande desafio humano, equilíbrio para saber quando e como se jogar nos despenhadeiros que inevitavelmente surgem, mas enquanto vivos que sigamos nos jogando, se não estaremos mortos em vida.
Um grande abraço!
Tarciana.
Tarci,
Eu quem lhe agradeço a visita. O desafio é saber medir as profundidades antes dos saltos e, também, se vale a pena a firmeza das margens, dos penhascos, ao invés do acaso do que nos espera ao fim do despenhadeiro.
Abraço, com carinho!
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