odisseia pela topografia
de meus poros, minha tez
de pergaminho. Vagueiam,
em romaria, pelas subidas
e depressões das cordilheiras
em minhas costelas, cumes de ossos,
decodificando os inchaços
e ondulações da epiderme
como se fossem Braille.
Estes entalhes na textura
de dobras e vincos
são as chancelas que o tempo me deu,
breviário cunhado
em escrituras de cicatrizes.
Seu afago cigano palmilha
o adobe exausto da minha pele,
carta geográfica despida de invólucros,
e me torna um frêmito de expectativas,
Kundalini
a percorrer a espinha.
12 comentários:
Poeta,
Tão tangível que consegui sentir o calor da tez e todo o relevo só de ler.Mexeu com todod os meus sentidos.
Adorei.
Beijo,
Morena
Morena,
Que meus escritos possam ter esse poder de extravasar os limites do lido e ir, à epiderme do leitor.
Beijo, com carinho!
Caríssimo POETA,
Você é MESTRE! Sempre me leva a aprender. Ao ler seu texto, exercito o "aprendizado" da leitura. Leio. Percebo o sentido geral. Volto. Releio. Analiso... E até pesquiso, quando o questionamento me intriga. Hoje pesquisei: KUNDALINI (do sânscrito)potencial de prana; energia vital; poder do desejo puro dentro de nós; energia de nossa alma, nossa consciência. MUITO INTERESSANTE!
Grande abraço,
Andrea Marcondes
Andrea,
Não me considero tão alto assim. Mestre é quem já publicou e sofreu, com galhardia, o efeito do melhor crítico: o tempo (Leminski, Paes, Cecília, Drummond...). Eu tento me colocar no papel (seja de celulose ou eletrônico). E fico contente quando percebo que o que poderia ser hermético, beco sem saídas, se torna uma porta para uma descoberta.
Obrigado pela leitura atenta!
Abraço, com carinho!
Considero o tato o melhor dos sentidos... É fantástico sentir o toque nas "ondulações da epiderme como se fossem Braille"! A leitura de seu texto me fez sentir algo, digo fisicamente, se é possível! Gostei. Rsrs
JB,
Diz-se da sinestesia que é possível a junção de planos sensoriais diferentes. Alguns teóricos até afirmam que quanto mais sentidos cruzados, mais rica será a frase ou poesia. Se você conseguiu sentir algo físico diante da lhanura da superfície eletrônica, então, pelos instantes da sua leitura, fui rico.
Um beijo!
Poeta,
Tato exige aprendizagem. Ao pé da letra, basta combinar intensidades diversas de Vater-Pacini, Meissner, Krauser e Ruffini, transformando tudo em impulso elétrico. Mais diversas ainda são as ações que dele resultam (vão da gentileza à agressão). Entretanto, decodificar vivências, traduzi-las, poetizá-las é ofício que você (e poucos mestres rsrsrs) executa com louvor... A nós, leitores, resta admirar, interiorizar e tatear suas palavras...
Bj (que também é tato)
Inté qualquer hora.
Raquel,
Na sua mistura científica, você consegue também fazer poesia (coisa ainda mais difícil, pois juntar aspectos acadêmicos/teóricos num linguajar inteligível não é para todos). Obrigado pela leitura atenta e gentil.
Beijo!
Poeta,
Concordo... É tarefa árdua, tentar tornar o mundo mais palpável. São ossos do meu/nosso ofício de PROFESSOR. Principalmente, em tempos de mentes e (con)tatos rasos e fugazes... Aff... Que a Biologia e a Poesia nos protejam.
Bj
Raquel,
Que a criatividade, a inteligência prática e a inventividade nunca nos deixem. Pois é isso que é feita a verve de ser professor. E sim, as mentes estão ficando mais rasas, assim como os tatos (ou a falta deles).
Beijo!
O tato é poesia concreta.
Renata, poetisa!
... Contra seu fato, não há argumentos!
(Obrigado pela visita!)
Beijo!
Postar um comentário