segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Narcolepsia


A exaustão toma conta.
Minhas articulações doem em revide, 
fracas demais para qualquer coisa. 
Sem indultos, sem alívio, 
anseio pelo sono, 
antecipo o torpor que virá. 
Ouço o travesseiro invocar meu nome – 
do outro lado do cômodo, ele sussurra, 
tonitruante em meus ouvidos. 
Olhos se fecham contrafeitos, 
já não vejo a tela através 
das lágrimas de bocejo. 


Estou perdendo velozmente esse duelo. 
                                   Não posso dormir!
                                   (Como se a escolha fosse minha). 


Minuto a minuto, 
a contenda prossegue 
até findar meu turno
: desabo na cama a tempo 
de descobrir que estou 
completamente desperto. 


Na peleja com a fadiga, 
a insônia acabou por vencer.

8 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Já lhe disse: seus poemas retratam aquilo que está bem vivo e presente na vida de todos nós.
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Acho que a "substância" que provoca em mim a NARCOLEPSIA se chama AGENDA EXAUSTIVA. Olhos fechados, deito-me. De repente me lembro de algo que não fiz e seria necessário realizar.
"Mentalmente, escrevo". Mas prefiro me levantar e anotar o que deverei fazer e que "não me permitiu dormir".
Você, com REQUINTE POÉTICO"descreveu o que me acontece.
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

A insônia é um problema que pouco me atinge, ainda bem. Mas quando o faz, é por esse mesmo motivo: compromissos que terei que cumprir. Seria tão bom se conseguíssemos dar conta do que precisamos nas horas que temos para fazê-lo, não?

Obrigado, sempre e mais, pela visita! Abraço, com "sodade".

Raquel Sales disse...

Poeta,

Vamos lá... aos comentários.

Primeiramente, insônia não costuma me fazer companhia... kkkk... Morfeu sempre ganha a contenda. Mas, vez ou outra, a exaustão é tamanha que ela aparece... Aí, vem a pior parte: acordada e desperta no escuro, o tempo passando e alvorecer chegando. Mais torturante que ficar acordada é levantar da cama e enfrentar o dia sem ter dormido... Affff....

Quanto ao poema em si... Sua habilidade ainda me surpreende. Converter dilema desagradável em preciosidade é pura arte... Gostei deveras.

Abraço
Até a próxima insônia artística

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Tento fazer das minhas elucubrações do cotidiano algo que se assemelhe a um poema. Afinal, a vida, se bem observada, é poética (vezes, por demais).

Obrigado pela visita e comentário. Fazem-me falta, quando não os há.

Abraço, com carinho!

JB disse...

Parece que li um resumo de meu estado nos últimos meses... Rsrsrs

Fabrício César Franco disse...

Jaine,

Estamos todos muito cansados!

Abraço e obrigado pelo comentário!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

É uma batalha a cada noite, poeta. E entendo a lassidão...
Seu belos versos traduzem, como sempre, com maestria.

Bjo

Fabrício César Franco disse...

Poetisa,

Que bom que comentou por aqui! Já sentia saudades de sua leitura!

Beijos!

 
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