Eis-me em estado de burocracia.
Os olhos autopsiam
os programas marcados na agenda.
Movo meu cansaço pela cama,
abro trincheiras nos lençóis.
Busco o meu tempo perdido,
a minha arqueologia,
no relógio sobre o criado-mudo
– que rege, quieto, horas que não existem,
mas que confabulam e devagar
avançam no vazio.
O silêncio quer ser a absoluta engenharia.
Assim,
vou me subtraindo sem pressa,
até deixar-me
existindo somente por entre os cílios.
Escrito por
Fabrício César Franco
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4 comentários:
Caríssimo POETA,
A responsabilidade ( profissional, familiar, EXISTENCIAL) nos faz viver assim como você escreveu. É desse modo que vivem as pessoas responsáveis e organizadas, como você. Admiro seu talento para retratar na POESIA a VIDA REAL.
Abraço,
Andrea Marcondes
Andrea, caríssima:
Obrigado, uma vez mais, pela admiração. É mútua, saiba. Este é um texto antigo; acredito que não tenha me desviado muito desta senda. A vida urge. E só nos resta existi-la.
Abraço, com carinho!
É um tempo necessário, Franco!
E q eles [nos] seja mestre e sirva de um acalento.
Bjo, poeta
Rafaela,
... Aprender com a restrição, quão dura é essa lição...
Beijo, poetisa!
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