quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Das tempestades de novembro


Quem pôs a vassoura atrás da porta do invisível? 
(


O céu é da cor de lápides.
O temporal parece se alçar das ruas
como maré nociva, toldando
as distâncias, quilômetros
que se estendem por diferentes cartas geográficas,
correndo por trilhos
numa velocidade cada vez mais
estridente, até findar
num lamento que a longitude engole.

Ficamos como coisas minúsculas
num Atlas infindo,
abscissas se estirando à eternidade,
o espaço, de tão longo,
transformado em tempo.

Brevíssima visita,
você foi embora num mudar de clima
e a chuva é toda na primeira pessoa do pluvial.


4 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Primorosa linguagem figurada, como é seu estilo!
......................................................................
Aqui, sob as montanhas de Minas, o índice pluviométrico é altíssimo e frequente. Ainda bem que ele se sobrepõe ao nosso "índice lacrimal".
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Caríssima Andrea,

O (outro) filho de minha mãe me escreveu que esse poema é "tão forte (e tão triste...) que chegou a incomodar o peito!..." Não almejei o incômodo, embora perceba que o tema não é dos mais agradáveis, mas é preciso escrever sobre o que nos abala também (embora eu afirme que não é porque seja melancólico é que seja poesia, como muitos que escrevem o pensem). Espero que o índice lacrimal por aí seja de felicidade, afinal, também se chora de alegria.

Abraço, com "sodade".

JB disse...

Oie poeta, quanto tempo...

Vagando pelos links salvos no navegador achei o seu endereço. Resolvi fazer um visita e ler algumas de suas poesias... e que sentimento triste e verdadeiro que essas suas palavras traduzem.

Obrigada por compartilhar

:)

Fabrício César Franco disse...

Olá, JB!

Prazer em ter você de volta por aqui. Obrigado pela visita.

Fico contente que tenha gostado do que leu. Volte sempre!

 
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