quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Na comissura entre o texto e o leitor


Não é o curso irrefreável da natureza,
sequer uma epifania ou a contrafação
de um diamante. É, se tanto, uma busca
de resposta, aflição epidérmica que só
é abrandada ao rebojo do que escrevo.
Pois tudo o que se diz tende (e propende)
ao poema, e à tona de um momento
qualquer existe o alento da poesia.

Palavras são biodegradáveis e o texto é
fugaz no espaço a que se reduz nesse ruído
de fundo, grande supermercado cognitivo.
Eu escrevo na tentativa de gerar uma flor
no bocejo de quem me lê: atenção raptada
e mantida refém pelo tempo de um enquanto.

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