1.
Qual a real medida desta manhã
que nunca me será dada de volta?
O que se faz aqui,
nesse débil agora,
que vai me fazer tirar leite das pedras?
Como ordenhar o vazio?
2.
Tempo é menos
uma medida de passagem
do que uma ressurreição falha.
Calendários e cronômetros não passam
de um tentame pífio
de se algemar o que se nos evade
e que, inversamente, nos prende
ao calabouço dos ponteiros,
à senzala das agendas,
à penitenciária das folhinhas.
Um nó só,
mas como é difícil desatar
: se livres, estamos extintos,
externos ao evento.
Resta-nos bem pouco a fazer.
Arte pela arte.
Vida pela vida.
E sempre, a morte.
Escrito por
Fabrício César Franco
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12 comentários:
Eis o que somos, Fabrício:
prisioneiros não do Tempo
(cuja origem permanece ignorada),
mas do cômputo do tempo
que nós mesmos inventamos.
Houvesse para nós somente o Agora
(como, de fato, é o que há),
seríamos livres para o Ser.
Grande abraço!
Poetisa:
Que comentário lindo. Li e reli várias vezes. Muito obrigado!!!!
Um abraço, com carinho e meu agradecimento por "vir me visitar".
Olá Fabrício!
Gostei muito das poesias e do desenho do blog também.
Já estou seguindo ele.
Abração!
Oi, Nelson!
Obrigado pela visita! Seja sempre bem-vindo!
Aguarde, que retribuirei a gentileza!!!
Abraço!!!
É, Franco,
Supostamente deve haver alguma lógica em se crer q o ponto de partida - o hoje - provém do ponto de chegada - o amanhã.
Somos criaturas estranhas...
Lindos versos!
Obrigada pelo pensamento
Bjo, poeta
Poeta,
Vivo em conflito com o tempo... Êta senhor difícil de lidar.
Passamos alguns dias em trégua involuntária (vc bem sabe), mas confesso que odiei... kkkk Ter tempo demais é elouquecedor...
Conclui que há que se manter com ele um estado sadio de tensão: ocupação suficiente para que ele não nos cause tédio e ócio suficiente para que ele não nos escravize.
Bjs até a próxima (se der tempo kkkk)
Rafaela,
... O tempo nos limita, cerceia, instiga. O tempo nos define?
Um beijo!
Raquel,
Que você tenha seu tempo, sem que seja tédio ou sufoco. Que tenhamos o tempo que precisamos para nos realizarmos como pessoas, atemporais. Conflito de termos e ideias? Mas não somos assim, contraditórios?
Que haja tempo para você voltar! Um abraço!
Caríssimo POETA,
Ah! se não existissem as agendas, o que seria de nós, "escravos' do tempo?
Vivo correndo, tentando obedecer ao programado!
Quem me dera poder, "cortar", de verdade, o NÓ GÓRDIO do tempo inexorável. E, então, me tornar calma, livre, sem expectativas ruins. Tenho exercitado esta "convicção":viver somente um dia de cada vez,e assim, me manter saudável e feliz. Estou conseguindo!
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"Dum vita est, spes est". (Enquanto há vida, há esperança),não é mesmo?
Grande abraço,
Andrea Marcondes
Andrea,
A citação, em latim, resume tudo: enquanto há vida, há saídas.
Abraço, com "sodade".
"calabouço dos ponteiros...senzala das agendas...penitenciária das folhinhas..."
Só o poeta poderia descrever a soberania do tempo com tamanha precisão. É, o tempo é um soberano que, por vezes, pode ser um ditador rigoroso. Obrigado pela bela reflexão! Abraço!
Eliana,
Olá, desculpe-me a demora em responder. Vida corrida, pouco para a fim de nos dar um tempo de respirar e curtir o que importa. Vivemos atados a contas, prazos, urgências alheias.
Obrigado por sua visita e generoso comentário. Grande abraço!!
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