Minha voz dorme “em timidez,
envolta na faringite que veio
de visita no início da semana”.
O silêncio adentra minha vida
com truculência, se faz compulsão,
nada há que eu possa fazer.
Refém da afonia,
meu vocabulário restrito,
engulo o não-dito
como quem rouba uma fruta e,
como criança dando às coisas outro nome,
refaço o mundo em letras mudas.
Natural sentir-me triste,
dia nublado.
Não se guardam palavras.
Quando poupadas, decompõem-se
na própria avareza. E doem
de o cabelo cair,
de o olho arder,
de querer vomitar.
Dói de respirar,
suspiro de nimbo
para fazer chover.
Inevitável
: alma alagada.
4 comentários:
Nada como o silêncio para nos acalentar a alma.
Lindos versos, Franco!
Bjo
Oi, poetisa!
Como vai? Sim, o silêncio pode ser muito útil. Até para que a gente possa nos separar da cacofonia que nos rodeia. Mas, para mim, silêncio também é preparo para a palavra que advirá. E essa, tem que valer por todo o silêncio que a antecipou.
Beijo!
Carissimo POETA,
"O silêncio fala mais que as palavras" (sic!)
Mas, os poetas devem "explodir" em palavras (não somente escritas). São luzes que refletem o que pensamos. Não silencie (mesmo "afônico"). Fale! Escreva!
Admiro o que você expressa.
Grande abraço,
Andrea Marcondes
Andrea, caríssima,
Não há como não me expressar. Os poemas continuarão, apesar de sentir que estou menos lido (parafraseando Caetano Veloso, "quem lê tanta" poesia?). E lhe adianto: haverá muita conversa, em breve, "in loco".
Abraço!!!
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