segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Instâncias

1.
Seja meu termo, 
dado boca a boca, 
como um beijo à força, 
que os lábios secos 
racham-se por mais. 

2.
Seja meu anátema 
nessa pugna de contrários, 
delinquindo meus dogmas, 
totens tão bem erigidos 
à vacuidade das ideias postas. 

3.
Seja minha dor, 
bálsamo ao reverso, 
a que o corpo lembra como um bordão 
a cada novo mo(vi)mento, 
em irremissível memória. 

4.
Seja a centelha matemática, 
no espaço vário 
desse parangolé mazombo 
que chamo de vida.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Pessoas como você vivem de olhos e mente atentos! E, inteligentemente, traduzem a vida... (Mesmo diante da reflexão a que me leva seu poema, mesmo experimentando esse"parangolé mazombo", prefiro VIVER!)
............................................................................
VIVA, POETA! e aproveite seus dons. Eles são presentes para nós que o admiramos tanto.
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Caríssima Andrea,

Escrever é uma forma de protesto contra os desmandos desta vida. A poesia é uma força de reação à todo desmazelo.

Abraço, com "sodade".

 
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