quarta-feira, 13 de março de 2013

Sorriso de Gioconda




Esfinge, charada, logogrifo.
Rébus, o ideograma
no estágio em que deixa
de significar o objeto que representa,
para indicar o fonograma
correspondente ao seu nome.

É o inexprimível,
o inominado, o inconcebido
perambulando no susto
da noite da imaginação.

É o espaço
entre o encoberto e o exposto,
o verdadeiro e o suposto.
Sinal
de um endereço alcançado,
é a ratificação do que se pensava,
na melhor tradição da glosa
dos oráculos post eventum.

Presente em todas as tocaias
que rondam o escuro,
é o lume
que concomitantemente
guia e desnorteia.

Está na unissonância
de todos os sigilos,
na dificuldade de entendimento dos parágrafos,
nas fagulhas do entrecho.

Pequeno idílio,
falha do épico,
elegia: quanto mais
contemplo menos discirno,
mais me arrebato.

É a palavra,
que me sorri de través
no seu mover excêntrico
ao longo de trilhos
que convergem a um ponto de fuga
no texto.

10 comentários:

Suzana Martins disse...

Vim conhecer as suas palavras, vim passear pelas suas letras e para minha grata surpresa mergulhei num de versos que acaricia a alma.
Perco-me em seus recantos e adormeço dentro das letras sem vontade de acordar...

Abraços

Fabrício César Franco disse...

Suzana,

Seja muito bem-vinda ao Logomaquia. A "casa" está aberta a todos que gostam de ler (e muitos, de serem lidos). É meu canto de tertúlias...

Volte quando quiser. O prazer do encontro é nosso!

Abraços!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

hoje, deixo apenas uma pergunta-título do Affonso Romano de Sant'anna: "De que ri a Monalisa?"
Alguém se atreve a responder?

Até mais, poeta. Bj

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

... Não me atrevo, ainda mais sabendo que nem mesmo Affonso o fez (além de tantos outros, tão ou mais pertinazes pesquisadores, mais capazes em suas elocubrações). Por isso que me embrenho em palavras, na tentativa meio vã, meio excelsa, de achar outra resposta.

Um beijo!

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Nunca desista de "dactilografar"(sic")os MISTÉRIOS que "perambulam na noite de sua imaginação".APRESENTE-OS sempre! Nós, leitores, agradecemos.
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

É uma riqueza poética, emotiva, metalinguística... fico sem palavras.
Sempre uma honra ler vc, Franco!

Um beijo grande

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Eu é que agradeço uma leitura tão atenta e generosa.

Meu abraço, de grande saudade!

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

A honra, já disse e repito, é minha, de ter você por aqui, cara poetisa.

Beijo, com carinho!

Anônimo disse...

Oi Fabrício!

Estava passando e resolvi passear por seus versos, de palavras fortes, de intenções concisas...
Adorei este meu passeio.
Obrigada.
Bjuss

Fabrício César Franco disse...

Su,

Que bom que você veio, já estava sentindo sua falta por aqui!

Quem agradece a visita sou eu. Volte sempre que quiser!

Beijo!

 
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