domingo, 19 de abril de 2020

Dos copos


)
do Diário do Confinamento
(


Admiro a amnésia dos copos.
Lavados, enxugados, reusados.
Deslembram de sua água,
                              seu suco,
                              seu café.
Recebem e devolvem
quase tudo
que lhes foi dado,
sem rancor e sem remorso.
Guardam para si
só o ínfimo do sucedido,
que desaparece
antes
do próximo gole.


4 comentários:

Anônimo disse...

Poeta,

Fiquei até com inveja dos corpinhos. Que poema genial! Esse é meu favorito do diário (até o momento).

Da sua admiradora (nada secreta),

Indi

Fabrício César Franco disse...

Oi, Indi ❤️

O confinamento faz a observação se aguçar. Não há como fugir disto nesse espaço exíguo.

Muito obrigado pela visita e pelo carinho do comentário.

Beijo!

Rafaela Figueiredo disse...

E esse me lembrou uma música do Nando Reis: Eles sabem. 💜

Fabrício César Franco disse...

Poetisa,

Acho que ele e eu temos essa queda por observar os detalhes. O confinamento ajuda.

 
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