sexta-feira, 17 de abril de 2020

Noturno



)
do Diário do Confinamento
(

Antes dessa terrível solidão,
apenas outro silêncio.
Um silêncio do depois, uma vez
que as cadeiras foram viradas sobre as mesas
e as luzes, todas, foram apagadas.

É tarde e nem o vizinho insone
caminha sobre minha cabeça.
Pela cortina, de pé, só testemunho
o acenar dos galhos das árvores.

Nossas esperanças, nosso porvir,
nossas ansiedades e pavores,
nossas noites sem dormir,
vão se desvendar
— um dia! —
como realmente são:
vento que desbasta
galhos ao relento.


2 comentários:

Rafaela Figueiredo disse...

Em algum verso, eu lembrei dum filme: O vazio do domingo. E isso me pegou aqui, justo nessa noite dominical, mto embora o domingo não seja a grande questão (do filme ou deste momento, talvez só no abstrato q o representa). Mas o porvir, as ansiedades... não se me abstêm.

Fabrício César Franco disse...

É, basta pararmos um pouquinho que nos apercebemos que as ansiedades estão nos cozinhando em fogo lento.

Não é um bom porvir.

Grato pela leitura e pelo comentário!

 
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