domingo, 8 de maio de 2016 12 comentários

Nó górdio


1.
Qual a real medida desta manhã
que nunca me será dada de volta?
O que se faz aqui,
nesse débil agora,
que vai me fazer tirar leite das pedras?
Como ordenhar o vazio?

2.
Tempo é menos
uma medida de passagem
do que uma ressurreição falha.
Calendários e cronômetros não passam
de um tentame pífio
de se algemar o que se nos evade
e que, inversamente, nos prende
ao calabouço dos ponteiros,
à senzala das agendas,
à penitenciária das folhinhas.
Um nó só,
mas como é difícil desatar
: se livres, estamos extintos,
externos ao evento.
Resta-nos bem pouco a fazer.
Arte pela arte.
Vida pela vida.
E sempre, a morte.


 
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