sexta-feira, 23 de abril de 2021 2 comentários

Antiquário da dor


Junto toda espécie de detritos,
resíduos abandonados,
em meu acervo de resquícios.

Conservo estilhaços de aflição,
angústia em cacarecos,
uma coletânea de suplícios.

Guardo quimeras despedaçadas,
lascas de amargura,
tombos diante de precipícios.

Colijo toda forma de naufrágio,
fragmentos de logros e embustes,
o cadafalso de cotidianos malefícios.

Preservo o luto dos ludíbrios,
a lástima amarga dos enganos,
o pesar de todos os vícios.

Coleciono a escória da consternação,
dos amores mutilados
e a brutal inutilidade de seus sacrifícios.

 
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