sexta-feira, 23 de abril de 2021

Antiquário da dor


Junto toda espécie de detritos,
resíduos abandonados,
em meu acervo de resquícios.

Conservo estilhaços de aflição,
angústia em cacarecos,
uma coletânea de suplícios.

Guardo quimeras despedaçadas,
lascas de amargura,
tombos diante de precipícios.

Colijo toda forma de naufrágio,
fragmentos de logros e embustes,
o cadafalso de cotidianos malefícios.

Preservo o luto dos ludíbrios,
a lástima amarga dos enganos,
o pesar de todos os vícios.

Coleciono a escória da consternação,
dos amores mutilados
e a brutal inutilidade de seus sacrifícios.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Há mais de um mês você se "fechou". Sei que o momento angustiante que vivemos com esta pandemia, altera nossos horários, nossos compromissos, nossa VIDA. Mas, ainda bem que temos pessoas, que com ARTE e com VERDADE, expressam o que sentimos. Receba meu abraço e minha admiração, sempre! Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Esse poema é anterior à pandemia. Uma observação, aliás bastante atrasada, do que eu costumava fazer, idos da década de 90. Desde que me mudei para as margens do São Francisco, esse 'recenseamento' deixou de ser tão ferrenho.

Obrigado pelo comentário!

 
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