Palavras em surdina,
sem nenhuma intenção
de abandonar os espaços
em branco.
Arrasto comigo um texto
em busca de letras exatas
para ser urdido,
que me respire e me arrebate
no seu fôlego,
que me recorte
nos parágrafos do dia.
Este repertório de conversação:
verbo,
lema,
linguagem,
cairel da língua,
palimpsestos
— nada me serve.
A logorréia da intranquilidade
avança sobre meus sigilos,
finca bandeiras,
desbrava. Chego atrasado
ao que quero falar.
Como uma árvore bonsai,
minha palavra é podada.
E silencia o escrito,
até dizer.
(Quando criança, eu repetia uma palavra
intermináveis vezes para mim mesmo,
até que seu sentido se perdesse com calma,
deixando exclusivamente a crosta de um som cavo.
Tente: muito é ótimo).