terça-feira, 29 de março de 2011

Ricochete


Há dias que são assim: 
essa rejeição às soluções fáceis,
essa aflição por qualquer mancia.
Busco uma outra certeza, um modo
de dizer, um lapso.

(Espio sob as dobras do discurso).

Queria poder habitar a folha
                                  sem tantas rasuras
e não mais bater o coração
contra essa parede de palavras.

O mundo me importa tão só enquanto
                                  se engasta em escrita,
                                  pois o que não sei
                                  fazer desconto
                                  no que escrevo

e escrevo como se em algum lugar,
entre o inalcançável e o invisível,
eu soubesse haver uma resposta fácil,
aquela que rejeitei logo de início.


10 comentários:

BMS disse...

Essa coisa das soluções fácieis são complicadas, minha semana passada que o diga. Mas de fato é possivél concluir que na maioria das vezes que algo acontece fora do previsto a gente já sabia, só tentamos ver de outro modo. Máscaras!

Anônimo disse...

descontar no que escreve, isto é muito bom. A escrita está lá submissa,ao dispor, nós de cá tentamos a façanha do dizer.

Fabrício César Franco disse...

Lua,

Seja muito bem-vinda por aqui. De vez em quando nossa visão enviesada nos prega peças, e mostra-nos o que já sabíamos de uma perspectiva diferente; contudo, na ânsia do novo, também refutamos o que devíamos ter feito logo de início. O problema surge quando o totalmente inesperado nos dá as caras... rs rs rs

Volte sempre!

Carina Destempero disse...

Tendemos a buscar a facilidade em lugares difíceis...
:)

Fabrício César Franco disse...

Carina,

Ou pelo menos, nossa inspiração (na maioria das vezes) tem uma forte tendência masoquista. O tal 'lapidar a pedra' às vezes é uma atividade torturante... :)

Fabrício César Franco disse...

Van,

E é esse o grande desafio de quem se arvora a ter um blog, pois não?

;)

Ana SSK disse...

Aquilo que a gente não se apetece em escrever,,,vale a pena?

Fabrício César Franco disse...

Não sei dizer, Ana. Como eu escrevi, o que se engasta em mim de importante vira escritura. O resto, talvez por não compreender totalmente, não sorver o todo que é, eu, tal qual peneira, deixo passar por mim...

Anônimo disse...


Poeta,

Que essa inquietação seja combustível para suas ideias e que não cause aflição.É só uma questão de dar tempo ao papel e à cabeça, que as ideias vão brotando.

Beijos,

Indie

Fabrício César Franco disse...

Indie,

Vou buscar seguir seu conselho. Mas adianto: sou aflito assim desde criança...

Beijos e obrigado pela visita!

 
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