Conforme nos rendemos
às estrições desse tempo,
às agendas atulhadas
de coisas por fazer,
aos canhotos dos cheques
marcando
impiedosamente
os valores devidos
ao próximo mês,
tornamo-nos um
borrão indistinto
(desatino dos astrolábios)
na ginástica dadaísta das ruas,
onde somos tão só
a roda de um
invisível moinho de galés.
10 comentários:
É verdade, Franco.
Cada dia tenho mais forte a sensação de ser mais do mesmo...
Belo ensaio!
Beijo grande, caríssimo.
Oi, Rafaela.
Obrigado pela visita, antes de tudo. Sensação compartilhada de ineficiência, atenho-me à poesia como forma de buscar sair desta repetição sem sentido.
Beijo, caríssima!
Das mentiras que tomamos como verdades, somos meio como Sísifo ... Mas afinal, quando será que teremos tempo para sermos nós mesmos?
Adorei sua poesia...
Bjuss
Suzana,
Mentimos para sobreviver? Sobrevivemos por mentiras? E, citando, você: afinal, quando teremos tempo para que sejamos nós mesmos? Acho que quando conseguimos suscitar mais questões que respostas em algo que escrevemos estamos no caminho certo. Obrigado por me mostrar isso!
Beijo!
Fabrício,
bem apropriado pra um dia (como hoje) em que rolei mtas pedras morro a cima. Felizmente, elas ainda não me amassaram... rsrsrs
Abraço
Raquel,
Que as pedras não rolem novamente, morro abaixo, forçado-a a repetir toda a atividade...
Abraço!
Caríssimo POETA,
O mito de Sísifo:expressiva metáfora da vida moderna!
Você tem razão: viver não é fácil! É trabalho permanente e inacabado, que implica em CAUSA, RESULTADO,RECOMEÇO. Analiso, assim, a VIDA. E procuro vivê-la com esperança e fé; nunca sob a "ótica" do ABSURDO.
Grande abraço,
Andrea Marcondes
Andrea,
Há uma poesia, escrita pela poetisa Talita Paes, que diz: "que eu saiba ressignificar o absurdo da repetição". Fico contente ao saber que está conseguindo fazer isso. Estou trilhando esse caminho - nunca fácil - também.
Abraço, com costumeiro carinho!
Oi Fabricio
Como foi que o homem chegou a tal distancia de sua própria origem e necessidade? Quando será que se pensou em sermos substituídos pelo capital, pela produção, pelo lucro. Que poder é este que nos reduz à roda de galés? Que nos faz mera força motriz. Somos muito mais, mas erramos, conduzimo-nos ou conduziram-nos para o lado errado.
Beijos
Van,
Você bem resumiu a história e seus danos. Estamos conduzidos do lado errado, acreditando ser, esse, o certo. Erramos.
Beijos!
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