quarta-feira, 8 de junho de 2016

Loa ao olho


Um ídolo que requer segredo, o olho 
não tem matiz discernível e confere 
ao espectro o que lhe falta

: as cores se refratam 
                e colidem 
                e formulam o visível. 

O olho é um zero 
difratando o tempo 
                e a água. 

É pelo que revela: 
uma condição de vantagem, 
um contrato 
                com o que se percebe. 

O olho é nada 
que já se viu.

12 comentários:

Nanda disse...

Os olhos devem mesmo ser a janela da alma ou, como brincam alguns, a vitrine do coração.:)

Fabrício César Franco disse...

Nanda,

Os olhos são, além de tudo, uma forma de arte.

Obrigado pela visita!

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,´
É próprio de PENSADORES, como você, "falarem" da importância dos Olhos.Ao ler seu poema, vieram-me à memória duas "referências":"The eyes are useless when the mind is blind"( Não preciso traduzir para o teacher!/ e desconheço o autor...)A outra citação é de Willian Shakespeare:"Há mais perigo em teus olhos do que em vinte espadas".
Sempre OLHEI você com carinho e admiração!!!
Abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea, caríssima:

Gostei das citações, como de sempre. E agradeço o olhar de carinho e admiração. Saiba, é recíproco!

Abraço, "com sodade".

Sonia disse...

Tem um olho que não está
Meus olhares evita
E outro olho a me arregalar
Sua pepita...

Fabrício César Franco disse...

É, Sônia,

Chico escreveu muito melhor do que eu a respeito.

Sina essa de vir depois dos grandes mestres e só poder seguir, à distância, seus rastros...

Obrigado pela visita! Seja sempre bem-vinda!

Valença disse...

Merecida tua exaltação, Fabrício!
É o primeiro contato com o mundo real, a primeira bandeira entre dois seres: o olhar.
E por coincidência é também o último contato com a vida na terra, o último laço a ser desatado, o último fio de vida: o olhar derradeiro.
Abraço!

Raquel Sales disse...

Poeta,

olho é percepção subjetiva... Principalmente, pra quem, como eu, olha através das lentes da miopia.
Lembrei do Pessoa...

“O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto"

Que a vida nos permita ótimos olhares.

bj

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Obrigado pelo enorme toque de sofisticação nos meus comentários. Pessoa! Muito obrigado!

Sim, que a vida nos permita melhores olhares!

Abraço, com carinho!

JB disse...

Sobre os olhos do autor: olhos de cigano oblíquo e dissimulado!

Ps. Gostei de sua escrita no perfil.

;)

Fabrício César Franco disse...

JB,

O poema do perfil foi um dos meus primeiros a serem considerados "bons". Publiquei-o numa competição da UFMG, há quase 20 anos e tive a honra de ser premiado com o segundo lugar. É, também, um definidor de quem eu sou (até hoje; não mudei muito, internamente).

Obrigado pela visita e comentário!

Beijo!

Fabrício César Franco disse...

Eliana,

Gostei deveras da sua observação: o olhar como primeiro e último momento nosso aqui, nesta realidade. Preciso, arguto. O olhos vê coisas de diferentes perspectivas, criando novas imagens. Obrigado pelo seu olhar.

Meu abraço!

 
;