domingo, 9 de outubro de 2016

Sétimo céu


Salivo simplesmente: 
minha boca se contrai
num rictus de lâmina.
A fúria que asilo no peito
perverte, radical e fronteiriça,
minhas disciplinas atávicas.
É o rancor que dá seu voo de fênix.


Contudo, pensar em você cava
fundo em mim. Da memória
em estilhaços, resgato seu rosto,
que se emoldura em close
dentro dos meus olhos.
Na avareza dos desesperados,
tento reter nos poros
seu corpo sem coplas,
lindo e vazio como um ídolo.


Que você me perdoe, amor,
mas meu coração ainda é
e eu quero a paixão
com a estrutura de uma coisa eterna.


8 comentários:

Anônimo disse...

Poeta,
Acho que no fundo todo mundo procura a paixão com essa estrutura de coisa eterna. Tenho a felicidade de ter encontrado isso contigo.

Beijo,
Indie

Fabrício César Franco disse...

Amada,

Escrevi isso seis anos antes de você nascer. Talvez tenha sido um pedido, para que você acontecesse neste mundo. Obrigado pela presença em minha vida.

Beijo!

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
"O ser amoroso é, sobretudo, o ser desassossegado". É o que se constata em seu poema; e que já percebi na maioria de seus textos que têm como tema o AMOR.
..............................................................................
Li em seu comentário que este texto não é atual. Certamente foi escrito quando você, nascido em MINAS, residia "nas montanhas"(sic) de Belo Horizonte?
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Caríssima Andrea,

Sim, esse é um dos poemas que começaram a ser escritos nos primeiros meses da mudança para as "montanhas" de Belo Horizonte. Foi terminado, muitos anos depois, já nas ladeiras da Conselheiro Lafaiete, na Sagrada Família.

Abraço, saudoso!

Rafaela Figueiredo disse...

Que linda declaração, Franco!
Paixão é combustível essencial à chama do amor.
Sempre desejo que seja pleno...

Bjos

Fabrício César Franco disse...

Poetisa,

Obrigado pela visita (e elogio). Eu penso que a paixão, prosseguindo na sua analogia, não é especificamente o combustível, mas o aditivo a ele, que faz o carro do amor se mover mais velozmente, sem tantos arrancos do motor.

Beijo!!!

Raquel Sales disse...

Poeta,

de luxúria em luxúria, a gente vai realizando a paixão e aprendendo... E como é bom!!! Principalmente, quando a luxúria, paixão e amor se mistura à rotina...

Belo poema...

Inté
Bj...

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Concordo contigo!!!

Obrigado pela visita!

Beijo!

 
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