terça-feira, 14 de março de 2017

Segredo de confissão



Suposto que não me sei depois,
ouso a importunidade
e me escorro pelos olhos.
Meu páreo não é este
(ser honesto sem ser cruel),
mas tenho comigo:
no escrúpulo desse sobressalto,
também seu olhar de pólvora,
para sempre igual e mesmo,
capitula à irremissível verdade:

tenho ossos demais numa alma apertada.


4 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Confesso que me embaralhei ao tentar traduzir as metáforas de seu poema.Esta, por exemplo: "...tenho ossos demais numa alma apertada." Como o texto está redigido na primeira pessoa, concluo que o AUTOR fala de si mesmo.
E asseguro o que conheço (do AUTOR) na REALIDADE: alma transparente,sincera, FRANCA!(sic!)
Abraço.
Andrea Marcondes


Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Tenha em mente que esse poema foi escrito há mais de 20 anos. Naquela época, e em poucos momentos depois, eu notava que - nos instantes de melancolia - a alma parecia se apequenar, estrangulando o sensorial, o corporal, o aquém (em contraponto filosófico à alma, o além). Hoje, talvez, você tenha razão em dizer que a transparência da alma se sobreponha ao escrito (uma das benesses de se autoconhecer).

Don't worry. Be happy.

Abraço, com carinho!

Anônimo disse...


Poeta,

Tive a mesma impressão que a outra leitora , mas que bom saber que a sensação de alma "apertada" já não condiz mais com seu sentimento. Sua alma é grande e leve.
Beijos com carinho,

Indi

Fabrício César Franco disse...

Indi, dear,

Posso dizer que - separando o "eu poético" do que lhe fala - vocè é uma das coisas responsáveis por deixar minha alma assim, como me diz. Só devo lembrar que nem sempre o que se escreve é "ipsis litteris" do que vem de quem escreve. Já dizia Fernando Pessoa, "o poeta é fingidor"...

Beijo, amada!

 
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