domingo, 30 de agosto de 2020

Este lado do paraíso


Não o beijo,
mas o calor dos seus lábios em minha pele.
Não o físsil de suas pernas,
mas o compromisso de mais estros arraigados.
Não a cópula,
só o cio que vaga lasso pelo corpo.
Cintila na íris o flerte,
dança de subentendidos.
No duelo com o desejo,
saco antes da dúvida:
com a língua em riste,
mergulho minhas papilas
numa galeria de obscurantismo
e viscidez, provo do sabor da fruta
à véspera do próprio açúcar.

De tal modo amo,
que faço o próprio Eros
abrir com faca
o esplendor de outra manhã.

2 comentários:

Rafaela Figueiredo disse...

Uau!!!
Essas vésperas, esses quase, essas evocações... 💓

Lindíssimo!

Fabrício César Franco disse...

Obrigado pela gentileza das palavras.

E sim, nessas vésperas que o bom se edifica, né?

 
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