Disparei o coração
na fluência do tráfego,
bem na hora do rush.
Lancei meu sorriso aos pombos,
numa dessas tardes de domingo.
Dissolvi oração e silêncio
nos braços constelados de carências.
Crivei o olhar de canções tristes
e me alastrei sobre nostalgia.
Mas não se engane comigo,
rasgo o invólucro. Deslindo-me:
é só a minha punção de mártir
em busca de um outro
passatempo para o corpo.
Escrito por
Fabrício César Franco
Assinar:
Postar comentários (Atom)
16 comentários:
Muito bom, Fabrício!
Muito obrigado pela leitura generosa, Dulce.
Bem, vejo que os sentimentos dão a nota nesta poesia linda...
Bjusss
Suzana,
Vezes há que não dá para segurar e os sentimentos vêm à tona, mesmo à revelia.
Beijo!
Fabrício,
Vamos ao comentário: mtas vezes é melhor lançar sorrisos aos pombos que às gentes... Aves não reagem com falsidade... Ando meio enfarada de gente falsa que não serve nem pra passatempo...
Bj
P.s.: Pra que não haja equívoco (de novo, rsrsrs) vc não se enquadra no "gentes"...
Raquel,
Cada dia que passa, percebo mais e mais que as relações humanas são um grande teatro, espetáculo escrito a várias mãos e com estilos diversos, ainda que para os mesmos personagens. Dessa feita, a falsidade é quase que uma vestimenta obrigatória, pois mesmo sendo verdadeiro, muitos não nos acreditam.
Abraço!
Fabrício,
concordo plenamente... O que é a VERDADE??? Na versão do Poeta Maior...
Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E a segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Inté. Bj
RENASCER DAS CINZAS das carências, das decepções,das angústias, das ansiedades...
Ainda bem que "RASGAMOS OS INVÓLUCROS" vezenquando(sic!)
...................................
Excelente texto, POETA!
Abraço,
Andrea Marcondes
Raquel,
Você, como de sempre, surpreende-me com um comentário. Drummond! Estou mais do que lisonjeado. Obrigado, mesmo!
Beijo!
Andrea,
... É preciso 'trocar de pele', rasgar-nos as antigas vestes, arrebentar os grilhões e ultrapassar os próprios limites, para - finalmente (ainda que um finalmente bastante temporário) - alcançarmos o 'locus' onde nos espera nosso próximo desafio, de 'ser'.
Abraço, com muito carinho!
Fabrício, fico realmente frustrada de não poder comentar no face pois às vezes o tempo é pouco para visitar o Logomaquia, que tanto gosto de ler! De qualquer maneira, estou sempre compartilhando aquelas frases geniais e é sempre alvo de comentários e novos compartilhamentos.... Parabéns, poeta! Eliana Valença
Eliana,
Eu agradeço muito sua visita e comentário por aqui. O FB é, para mim, um veículo de divulgação; aqui, acredito, tem-se o momento e a calma para a leitura, sem tantos desvios de atenção...
Volte sempre!
Bom estar de volta!
www.liavalenca.blogspot.com
Eliana,
Eu que o diga. Bom tê-la de volta!
Abraço!
Fingidor que é o poeta, meu caro..
És tu: mais poeta, menos fingidor. Mas as duas coisas em prol da palavra tão bem transcrita.
Um beijo
Rafaela,
Fingimos todos, em alguma quantidade. Porém, não consigo afetar contentamento quando verdadeiramente o sinto: obrigado, muitíssimo, pela leitura generosa do que escrevo.
Outro beijo!
Postar um comentário