segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Em surdina


Estou que não me sei. 
Desiludido dos sistemas 
e das superstições, fecho-me 
em copas. Esforço inútil: 
nenhuma fuga é possível. 
A vida é, 
inexoravelmente. 
Nela adolesço 
o estreito-pouco do meu corpo, 
querendo sempre mais 
- como Cecília – 
do que vem 
nos milagres.

12 comentários:

Valença disse...

Ah...estados da alma! Passageiros, espero. Esperemos os milagres...bjs

Fabrício César Franco disse...

Tudo é momento, enfim. Porém, tomara que os milagres sejam mais cotidianos, ou que o arroubo que advem deles me arrebate com mais intensidade.

Obrigado pela visita! Beijo!

Anônimo disse...

Também estou que nem me sei... Ou será que sei? Só sei que, do sistema, não quero muito, mas não me esforço muito para não ter o que se exige...
Aiai... prolixidades...
Bjuss

Fabrício César Franco disse...

Suzana,

Talvez seja melhor ir à margem, como quem não quer seguir, mas ainda trilhando o caminho, deixando que os afobados e velocistas corram seu próprio risco. Resta, apenas, como fazer isso sem nos tirar demais do sério.

Beijo!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

Querido poeta Franco,
três relações desse poema comigo:
O primeiro verso (eu vivo que não me sei), pois (e porém) há sempre esses dias tão inominavelmente descabidos;
A imagem (já q costumo chamar a estes dias "puff" - pq é td o q eu quero ser, um mero puff);
E a referência à Cecília, que amo.

Quatro: tb amei o poema.
Façamo-nos, nele, possíveis, sabedores e miraculosos!

Um beijo

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

Fico imensamente feliz ao perceber os ecos causados pelo que escrevo em quem me lê. É como se eu conseguisse, de algum modo inexplicavelmente sobrenatural, captar o fluxo de pensamento alheio e o plasmasse em palavras. Que não são minhas apenas, mas - ápice! - compartilhadas. Comunicação poética, o que mais pedir no que se escreve?

Um beijo!

Anônimo disse...

Admiro sua habilidade no uso (metafórico)das palavras!
ADOLESÇO(sic!).Adolescer, neste caso, significa desenvolver, amadurecer, aprimorar a visão metafísica da existência?
...................................
Você citou Cecília. Permita-me registrar, aqui, um trecho desta escritora:
"Entre mim e mim há vastidões bastantes
para a navegação de meus desejos afligidos."
("NOÇÕES")
...................................
Poetas são capazes de profundas análises da VIDA!

Grande abraço,POETA!
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Você acertou, uma vez mais. A acepção que eu quis dar ao termo adolescer é justamente esse que você escreveu. E esse poema de Cecília havia me inspirado, anos antes, ao que escrevi em Sudário, que publicarei a seguir.

Um abraço terno e saudoso!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

Concordo com vc: a vida É (em maiúsculas). Por vezes, tão dura, noutras branda, noutras sem graça. Qual o sentido da vida??? Depois de anos, fazendo dela meu ofício, não cheguei a nenhuma conclusão. Cientificamente, resume-se a uma membrana que envolve um sistema químico, dotado de autoduplicação. Simples assim. Mas quanto mistério, conflito e poesia há nessa simplicidade. Enfim: “a vida só é possível reinventada” (Cecília Meireles)...


Bj

p.s.: Peço perdão a vc e a seus leitores. A visão de bióloga veio a tona com força total. Não consegui ater-me à poesia.... rsrsrsr

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Está mais do que perdoada. Ainda que eu não consiga - por falta de méritos, confesso - abraçar a compreensão mais profunda que a biologia dá à vida, partilho do mesmo fascínio, aqui, do meu canto. O mistério, esse indecifrável, nos suscita a esclarecê-lo, seja por análises mais científicas, por quieta adoração ou pela escrita (pretendendo ser poesia).

Beijo!

Fernanda Fraga disse...

E do que sacode a Vida. Solta plural.

Abraços

Fabrício César Franco disse...

Fernanda,

... E que assim seja cada vez mais: plural.

Abraço!

 
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