quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Equívoco


Estar sempre preparado para o ataque
é tarefa de guepardos, não nossa.
Há mais do que esta precariedade
em que nos equilibramos na sucessão dos dias:
o que não entendemos,
o que nossas mãos não constroem,
o que nossas elucubrações não limitam.

Quero um mundo imaginário,
uma tentativa de escape,
uma eutopia.

Solipsismo, aqui e agora.

Pois dói saber que a luz pode ser medida em anos,
que meus pés estão arraigados ao lado da maçã de Newton,
que tantos planos se esboroam em espuma,
e que a rosa, semáforo delicado de vida,
vive num murchar irretorquível,
bateria que perde sua carga.

10 comentários:

Raquel Sales disse...

Fabrício,

Pior que se equilibrar, por vezes, somos obrigados a pular sem rede de proteção... Lançar-se num breu que não tem fim. Loucura ou coragem??? Nunca sei a resposta, mas tenho medo...

“Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá” (Lenine)


Bj

ps.: mais uma “musiquinha”...

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Lenine é danado para colocar, musicalmente, tudo aquilo que pensamos mas não coalescemos em palavras. Quanto ao pular, melhor levar um kit de paraquedas, sempre...

Beijo!

Anônimo disse...

MISTÉRIOS da VIDA, POETA!...
....................................
Não creio que o "solipsismo" solucionaria questionamentos existenciais...
Divida sempre suas "elucubrações" (como o faz conosco, que somos seus fiéis leitores). È uma forma de "escape". Afinal, todos temos nossas interrogações.
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Quando menciono o solipsismo é para dizer que, naquele momento específico, tudo parece se adensar no eu. Aliás, verdade seja dita, a matéria poética se verte de mim em momentos assim.

As elucubrações que resultam são o dilatar daquele, para além das fronteiras de mim.

Abraço, com carinho imenso!

Nanda disse...

Se achar esse mundo imaginário, por favor, me mande um mapa! E as referências do final me fizeram lembrar de uma certa série. Bazinga! =D

Fabrício César Franco disse...

Nanda,

Se eu o achar, pode deixar que deixo a trilha para todos os amigos virem junto!

Bazinga (ainda que muito involuntária e feita anos antes)!

Anônimo disse...

Equívoco seria não viver tudo até a última gota de vida. Equívoco seria passar incólume pela poesia das palavras...
Equívoco seria não te ler.
Bjuss

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

...!!!!!!!!!!!
[a mais profunda e estupenda leitura que já tive o prazer de desfrutar por aqui! sério, não tenho palavras... só sei que... é tão real, tão sapiente, tão tão...!]

um beijo, poeta!
obrigada por escrever.

Fabrício César Franco disse...

Su,

Obrigado pela visita e pelos comentários tão gentis.


Beijo!

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

... Tive que me reler para crer que era mesmo sobre mim que você comentava. Obrigado, de coração, pelas palavras elogiosas!

Beijo, poetisa!

 
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