sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Quelóides


Ela me sorri 
com seu ar de entrevero.
Consegui essa quando
eu tinha dezenove anos
”, ela diz,
enquanto eu desenho de volta no tempo
na linha em seu peito.

Penso num coração aberto,
inciso e funcionando novamente.

Silenciosamente tocando seu passado,
eu sinto um estranho espasmo de inveja.

Meu coração,
quebrado nem sei quantas vezes,
não tem cicatrizes visíveis.


18 comentários:

Anônimo disse...

Poeta,

Seja bem-vindo ao "Clube dos corações remendados". Ainda que não sejam visíveis, sabemos que as cicatrizes existem.
Não sei se elas nos fazem mais fortes ou mais céticos, só tenho a certeza de que elas nos acompanham até o fim de nossas vidas.

Mais uma vez, você me encanta e me faz refletir.
Ps: Adorei a imagem escolhida para o post.

Beijos,

Morena

Fabrício César Franco disse...

Morena,

Obrigado pela visita, pelo comentário, pelo elogio. Que você seja sempre bem-vinda por aqui!

Beijo!

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Ainda bem que os "quelóides da ALMA" são invisíveis... se não o fossem, eu teria que sofrer inúmeras "cirurgias regeneradoras" (sic!) para evitar o espanto de quem se aproximasse de mim.
...................................
Hoje, lendo você, experimentei, encantada, sua habilidade para expressar os mistérios da VIDA!( Às vezes me é custoso fazer toda a TRADUÇÃO; então leio... releio...)
Mas, segundo o poeta Mauro Mota: " A um poeta não interessa aclarar o seu mistério , nem que outros o aclarem num plano didático. Interessam o mistério mesmo e a posse das substâncias mágicas povoadoras do mistério".
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

... Esse olhar para o mistério, acho eu, sempre me acompanhou. Ainda que eu não consiga traduzi-lo perfeitamente, não há como eu escapar de mirá-lo.

Abraço, com grande carinho!

Anônimo disse...

As feridas do coração nem sempre produzem queloides. Mas quem disse que quando cicatrizam se tornam esquecíveis?
Tomara que você encontre um amor que te cure de todos os sofrimentos e que te faça sorrir com a alma."
Bjuss

Fabrício César Franco disse...

Su,

Muito obrigado pelo comentário. Sempre gosto de ter suas impressões sobre meus textos.

Beijo!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

O queloide é definido como uma cicatrização imperfeita e exagerada. Traduzindo: remendo meia-sola beeeemmmm visível. Outras cicatrizes, mais delicadas, resultam de pontinhos precisos, costurados com técnicas de cirurgia plástica.
O que é melhor? Ter as marcas, diante dos olhos, nos lembrando o tempo todo o quanto doeu. Ou disfarçar as marcas ao máximo. Sinceramente, não sei...

Quanto ao texto, brilhante.

Bj

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Será sempre possível disfarçar as marcas, mesmo sob os cuidados do mais hábil cirurgião? Não há aquela estória (ou seria história?) de que certas pessoas têm uma tendência a criar quelóides, não importando o cuidado que se tenha com o período pós-operatório?

Disfarçar, acho que até podemos, mas certas agruras nos vêm com tal força que mesmo sob a mais rígida e perfeita maquiagem, a cicatriz se avoluma e quase que, se é possível dizer, resplandece...

Obrigado pela visita!!!

Beijo!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

Fiquei pensando: Qual o melhor unguento para as cicatrizes??? Talvez versos!?!?!? Quem sabe tintas!?!?!? De repente, melodias!?!?!? Talvez gente que valha a pena!?!?!? E, se a cicatriz for bem brava, emplasto multimistura!?!?
Talvez um dia a gente aprenda a lidar com elas (superficiais e profundas).

Até o próximo texto.
Bj

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Não sei lhe responder. As minhas feridas sempre foram tratadas de maneiras diferentes, de cuidados hospitalares a bálsamos bengüês esfregados esperançosamente na busca de alívio. Versos e tintas nunca me serviram para tanto: sempre surgem pós-tudo, quando eu faço o recenseamento da dor, não no momento em que ela acontece. As melodias, contudo, já me serviram para isso...

Obrigado pelo novo comentário!!!

Beijo e inté!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

Que lindo!
Sempre ficam marcas...
Assim nossa vida é feita: de corações partidos e cicatrizes.

Bjo

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

... Remando contra a corrente, não acho lindo as agruras que nos levam a ter corações partidos e cicatrizes. Sei da importância do aprendizado, sei que - para muitos - as cicatrizes são como medalhas de batalhas vencidas (ou não). Contudo, queria, naquele canto do peito que é irremediavelmente ingênuo, que tudo fosse menos doloroso.

Beijo e obrigado pela visita!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

Não.. isso eu entendo. E com isso concordo, meu caro.
Digo q lindo seu potencial de transformar tais marcas em um poema igualmente lindo.

:)

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

Fico enternecido com seu elogio. Muito obrigado!

Beijo!

Daíse Lima disse...

Olá!
Vim conhecer seu cantinho e fiquei horas aqui!
Adorei!!!!

Fabrício César Franco disse...

Daíse,

Seja muito bem-vinda! Volte quando quiser, é muito bom ter novos olhos sobre meus textos!

Abraço e obrigado pela visita!

Ana Gomes disse...

Querido, assim como tu tenho um coração partido nem sei quantas vezes, mas ao invés de cicatrizes visíveis num peito aberto, tenho vidrinhos rotulados com o nome de cada um dos que tiveram a capacidade de quebrar meu coração.

Fabrício César Franco disse...

Ana!

Que bom que resolveu deixar 'suas pegadas' por aqui. Fico muito contente.

E saiba: você tem melhor escolha (e resultado) do que eu, tendo seus vidrinhos a lhe enfeitar o peito. Pelo menos, servem de decoração (dependendo do formato de cada um deles, finge-se estar numa boteca).

Beijo!

 
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