sábado, 22 de fevereiro de 2014

Ampulheta

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Esperando Godot?
(

O tempo se desdobrando
feito um origami às avessas,
num esforço de se fazer
tabula rasa gotejando pelo colo
de uma clepsidra, enquanto
o coração lateja paralelo
às batidas do relógio, deixando
tudo o mais como que contaminado
por analgésicos, sob o extenuante
desânimo do sábado à tarde,
(desincomodado) com o sol
a queimar os móveis da sala de estar.


10 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
O TEMPO... a VIDA são temas frequentes em seus poemas.Gosto de pensar e "vivenciar" o que você escreve. ( E viver é, mesmo, quase sempre, a sensação da expectativa "não realizada", como ocorre em "Esperando Godot?"(sic!))
..................................
Ainda bem que, nas tardes de sábado,há pelo menos,"gotas da clepsidra" marcando a véspera de um DOMINGO!...
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea querida,

... Verdade. Não havia espiado sob as frinchas do discurso: que bom há um domingo! Obrigado por me abrir os olhos para mais essa constatação.

Abraço imenso, com saudades!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

a sensação de cada grão do tempo escapar-nos das mãos; o corpo lasso...
uma descrição tocante nos seus versos, poeta.

um beijo

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

... As agruras de um dia em que as horas insistem em permanecer inamovíveis...

Beijo e obrigado pela visita!

Nanda disse...

Não costumo pensar muito nisso, apenas em datas-chave, como aniversários, fim de ano... Deve ser algum mecanismo de defesa. Bom Carnaval!!!

Fabrício César Franco disse...

Nanda,

... O vazio me alcança sempre que eu dou - momentaneamente, claro - conta das pequenas urgências de meu cotidiano. As chamadas "datas-chave" acabam se fechando em si mesmas, com suas demandas intrínsecas.

Abraço!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

Tempo incomoda-me deveras... Quanto mais se desdobra, mais encurta. Feito esfinge, frequentemente, devora-me. Para piorar, envelhece... Aff!! Não há analgésicos nem botox que resolvam... Rsrsrs

Bom resto de Carnaval

Bj

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

... Preocupa-me menos o envelhecimento do que a perda da saúde. Por mim, o que há de pior no tempo é a sensação de não produzir nada, estar estanque, enquanto os segundos passam vorazmente. Somos - mesmo! - reféns do tempo.

Beijo e obrigado pela visita!

Anônimo disse...

Fabrício querido
Acho os sábado enfadonhos, insossos e dispensáveis... Em compensação, adoro os domingos! É como se fosse o prenúncio do recomeço.
Não desanime meu amigo.
Bjusss

Fabrício César Franco disse...

Su,

Gosto de sábados, ainda que, para mim, faz tempo que não são finais de semana, mas tão simplesmente dias úteis. Não desanimarei, afinal, sempre há um amanhã.

Beijo!

 
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