quinta-feira, 16 de abril de 2020

Espera


)
do Diário do Confinamento
(

Dizem que o tempo é o solo
no qual podemos florescer.
Contudo,
ele mal passa, vagarosamente:
a demora fronteiriça ao vazio.
Nossa floração, assim,
mais e mais distante.

Dizem também que é preciso
dar chance à espera.

Espera,
palavra mais descabida:
se é nome,
mastiga com dentes de agulha
a incerteza do que será;
se é ordem,
é saber de coisas que serão.

4 comentários:

Anônimo disse...

Poeta, obrigada por dividir conosco suas reflexões sobre esse período tão delicado.


Beijo

Com carinho, Indi

Fabrício César Franco disse...

Indi, querida, que bom que veio...

Eu que agradeço sua visita. A delicadeza do momento se faz menos severa (ou mais compartilhada) quando tenho sua leitura sobre meu texto.

Beijo, com meu carinho.

Rafaela Figueiredo disse...

Ambas as possibilidades dentro do verbo. De toda forma, a espera seria uma ação (?)...

(Adoro teus aguçamentos)

Fabrício César Franco disse...

Poetisa,

... Espera talvez tome mais o aspecto de uma quase-ação, um daqui-a-pouco, uma suspensão do agir no seu limite de explosão.

Grato pela sua leitura!

 
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