Sua voz imerge em mim
no seu escafandro de som,
mergulhando
para além
de meus arrecifes
à tona,
das minhas marés revoltas.
Rumor
na arrebentação da onda,
sua voz
é preamar
vociferando
nos calcanhares da praia,
umedecendo de vagas fartas
o atol da orelha.
Sua voz é Jonas
e faz
dos meus ouvidos
sua baleia.
22 comentários:
Tão delicado quanto o contato suave da pele do pêlo do bichano. Lindo!
Bj
Ana Paula.
Ana Paula,
Coincidência? Tenho um bichano, o Tobias (ou será mais apropriado dizer que ele me tem?). Obrigado pela visita por aqui, seja sempre bem-vinda!
Beijo!
(Conheço a história de Jonas porque foi uma das minhas preferidas na minha infância católica... rs.)
Gostei do seu poema marítimo, Fabrício!
Um beijo,
Talita.
hummm.. esse é do tipo que mexe com a gente. dá um frisson! Gostei muito!
bjsss
Lei!
Talita,
Demos graças pelas aulas de catecismo, então. De meu lado, sempre liguei a estória de Jonas com a de Ahab & Moby Dick. Animais imensos mostrando-nos a nossa pequenez, dentro do universo das coisas.
Beijo e obrigado por sua passagem por aqui.
Lei,
Reitero o que lhe disse: e é só voz. A gente não percebe o poder que ela tem.
Beijo!
A metáfora dos "MARES DA ALMA!"...
E, realmente, as vozes "imergem"...
penetram nossas vidas´.
Seu texto me faz lembrar sua voz GRAVE, FIRME!
Meu abraço,POETA!
Andrea Marcondes
Andrea,
Temos nossa tradição navegadora, nossas diversas singraduras pelos mares deste mundo. Não há como negar esse sangue, ainda que nascidos sejamos em Minas Gerais (cadê o mar, senão lá pelo Espírito Santo?). Só mesmo pela voz talvez consigamos trazer um pouco o som undífluo para nossas orelhas (em conchas?).
Abraço, com carinho!
Que lindo, Fabrício!
Firmeza aliada à sensibilidade.
A propósito: Bendita seja essa voz!
Sandra,
Benditas sejam as vozes, pois elas carregam o significado alhures.
Seja bem-vinda por aqui, sempre!
Fabrício,
Confesso que seu texto causou-me certa nostalgia. Particularmente, neste instante em que acabei de dizer até breve a uma grande amiga que retornará a Milão, onde reside.
Fiquei tentando resgatar vozes imersas em mim... São muitas. Algumas são tão abissais que o som quase nem se propaga tamanha a pressão da coluna d’água. Outras rasas que doem nos ouvidos de tão estridentes.... Mas, felizmente, há outras tantas na profundidade exata, tão bem moduladas que parecem canção... Estas fazem com que a saudade sufoque a minha voz....
Até mais.... É melhor ir dormir... A semana ainda não acabou....
Raquel,
Depois do que escreveu, só me resta desejar que suas canções formem um álbum inteiro, trilha sonora para que você consiga enfrentar o resto da semana sem estrídulos ou cacofonias.
Muito obrigado pela visita e pelo comentário, sempre tão oportuno.
Abraço!
Ler toda essa beleza poética traz para a vida uma doçura, traz uma sensação intensa. Bom vir aqui, bom ficar por aqui. Visitarei sempre.
Parabéns!
Abraços.
Magda,
Fico muito honrado com sua visita. Seja sempre muito bem-vinda por aqui. Obrigado pela leitura generosa!
Abraços!
Para alguém como eu, criada à beira de um mar barulhento e espumarento como era Copacabana, reviver os sons antigos de minha infância na voz de um poeta tão querido como você, me trás de volta as sensações e os desejos da liberdade infinita que o mar nos remete.
Que esta "voz" nunca se cale.
Bjusss
Su,
Primeiramente, muito obrigado pelo carinho. Fico encantado com essas demonstrações gratuitas de afeto!
Assim como as ondas, infindas em suas arrebentações à praia, também o mar tem múltiplas vozes. Quando uma se cala, outra se insurge mais ali adiante. A poesia, por mais oprimida e menosprezada, nunca é totalmente silenciada (que bom!).
Beijo e obrigado, mais uma vez!
que rimas sensacionais!
mais do que em meros signos, em sentimentos e imagens... por ex., ao ler praia, penso em areia; e tem orelha, e ao final leio baleia.
maravilhosas - a voz poética e a que lhe deu vez de construir tais versos.
beijos
Rafaela,
Muito obrigado pela gentileza do comentário! A voz que me inspirou é - na verdade - um coro, pois advém de um punhado de pessoas queridas, ao longo da minha vida.
Beijo!
Tudo tão lindo e minha voz, tão baixinha, nem chega aos pés de um sussurro. Minha afonia, querido poeta!
Verdade que o silêncio grita? =(
Patricia.
Patrícia,
Lindo é seu comentário. E sim: o silêncio fala alto no carinho.
Obrigado pela visita, sempre!
Beijo!
Esse texto me retomou a minha infância, até o cheiro daquela época vc me fez sentir por aqui, em vésperas da quarta-feira de cinzas...
Abraços
Fernanda,
Não tive oceanos tão por perto quando crianças, mineiro (drummondianamente "dentro e fundo") como sou. Mas tive chances de me reconectar com as ondas, anualmente nas férias. Aprendi que é de lá que viemos, nossos ritmos ecoando nas praias.
Abraço, e muito obrigado por comentar!
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