sábado, 13 de outubro de 2012

À flor da pele


Eu sou o punhal e a ferida,
eu sou o sopro e o gesto,
suspeitados no imprevisto
de um cálculo de probabilidades.
No fio da navalha
entre o orgasmo e as lágrimas.
Estou compartimentado
nos sete fôlegos do espelho,
nos milímetros do rosto,
no silêncio
transbordado por instantes,
alinhando a palavra
na álgebra do momento.

Desmorono, permaneço,
edifico e me desfaço.
Gigoloteando frases alheias:
“yo sólo quiero que me lleves”.


12 comentários:

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

Diante do poder tangente que observei nesse poema, jamais encontraria melhor título, Franco!
Maravilhoso. Que falta sinto daqui...

Beijos

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

Obrigado pela visita. Já sentia saudades de seus comentários, de sua leitura.

Um beijo!

Anônimo disse...

Desmorone, mas reconstrua-se
Desfaça-se e refaça-se
Esfrie, aqueça, viva!
Gigoloteie tantas frases quanto forem necessárias até que você renasça...
Bjuss

Fabrício César Franco disse...

Suzana,

A ideia de fênix, que você me suscita, é um bom tema até para um novo poema. Muito obrigado!

Obrigado, também, pela cordial visita!

Beijo!

Vampira Dea disse...

Es os dois lados, somos todos os dois lados. Ótimo poema, parabéns

Fabrício César Franco disse...

Olá, Dea!

Seja bem-vinda por aqui. Que bom que encontrou ressonância com o que escrevi; sim, somos todos vários lados, facetas que se mostram à medida que nos revelamos aos outros.

Agradeço o elogio e convido-lhe para perambular por aqui mais vezes!

Anônimo disse...

A complexidade do SER...
Os benefícios e estragos que o amor pode causar...
É preciso saber gerenciá-los!
...................................Neste "october fifteen"(sic!) receba meu abraço e minha admiração, PROFESSOR-POETA!
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Receba, você também, meu abraço de admiração pelo ofício de ser, antes de tudo, mestra.

Obrigado pela leitura generosa!

Talita Prates disse...

Bravo!

Beijo, Fabrício.

Fabrício César Franco disse...

Poetisa,

Que honra, você por aqui. Muito obrigado pelo comentário, pela visita.

Um beijo, com carinho!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

Texto instigante. As contradições/inquietações às quais se referiu me fizeram lembrar uma canção do Lenine (de quem gosto muito).

"O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da"

Inté. bjs

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Sinto-me honrado pela ligação que fez com Lenine. Talvez se deva, tão somente, à frase em espanhol que eu cito, mas, assim mesmo, fico contente em saber que você encontra ecos de gente talentosa no que eu escrevo. Sinto-me como que compartilhando o predicado.

Beijo, com carinho!

 
;