terça-feira, 7 de maio de 2013

Terça-feira, à saída da usina


Vivem                                              rigidamente
                                                           sob a pele

paralisados                                    em teias
                                                          de chumbo
 

placidamente                                alicerçando
                                                          valências faltas
 

                                                          absortos em sua
                                                          mecanicidade
 

: baralho de corpos
 

: homens comuns à céu aberto.


12 comentários:

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

Os verdadeiros tempos modernos que representara Chaplin...

Ontem assisti ao filme Battleship e achei sensacional - qual Transformers - como explora uma temática tão crítica (máquinas x humanos), ainda q sob a atual (e futura) dependência dela.
Tenho verdadeiro medo do por-vir.

Beijo, poeta

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

E esse texto é ainda dos tempos em que eu morava numa cidade dominada pela maior siderúrgica da América Latina... O por-vir é de antanho, nesse caso.

Beijo e obrigado pela visita.

Will Carvalho disse...

Acho que ainda é "Tempos Modernos". O não ter tempo de pensar. Não poder parar de fazer pra pensar a razão de estar fazendo.

O seu texto foi feito ontem, o do Chaplin mais ontem ainda, e a realidade continua sendo tão hoje.

"Haja hoje para tanto ontem
E amanhã para tanto hoje, sobretudo isso"

Fabrício César Franco disse...

Will,

A desumanização é anciã, portanto. Não mudamos, ainda que haja a falsa propaganda de que progredimos. Resta perguntar: para onde?

Abraço e obrigado pelo comentário visceral.

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
A exigência da PRODUÇÃO "maquiniza'(sic!)os que produzem...
Vem-me à memória um trecho de uma poetisa que você conhece:
"Membros operários lassos
Em ternos passos,
Três turnos sustentando
o "FAÇO"." ( N. C.)
Meu abraço,
Andrea Marcondes
















































































Raquel Sales disse...

Fabrício,

como conheço tal cena!!!! O maior problema: a usina acaba instalando-se dentro de todos os espaços da cidade. E sufoca o ar e a rotina...
É cidade-aço.

Bj
Até mais

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Fiquei ponderando o quanto a atmosfera "de aço" do vale não nos impregnou com o mesmo viço (vício?) para escrevermos sobre o mesmo tema. Acho que a vida, mecanizadora sim, segregadora sim, destas paragens cinzentas nos forjou rebeldes dessa repetição esmagadora.

Abraço e obrigado pela visita!

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Eu imagino o quanto sufocada está a vida por aí, agora que a usina deixou - há muito - de ser a grande "mãe protetora" (se é que fora algum dia) dos seus empregados.

A cidade-aço mostra já os sinais de corrosão, não é?

Beijo e inté!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

a cidade tá descascando um tiquim... Além da economia mundial, há outros ácidos ainda mais fortes: incompetência e corrupção na gestão municipal...

Por que a vida real não é uma "Canção Amiga"? Seria muito melhor preparar canção que acordasse homens e adormecesse crianças.

bj

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

A vida tem ficado menos poética a cada dia, "canções amigas" são mais escassas a cada dia. Há mais e mais belicismos no ar. Escudemo-nos na poesia antiga, aquela que já provou ser de confiança. Quem escreve, hoje, corre o risco primeiro de não ser ouvido; o segundo, de não fazer sentido; e o final, de nem sequer ser entendido.

Beijo!

Anônimo disse...

Homens comuns vivem suas felicidades e tragédias à céu aberto...
Adoro sua poesia.
Bjuss

Fabrício César Franco disse...

Su,

E a céu aberto, construímos nossa lide diária.

Um beijo e obrigado pela visita!

 
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