sexta-feira, 28 de junho de 2013

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A espera é uma forma de animação suspensa. 
O tempo se solidifica: um peso morto. 
Somos reprimidos, 
rendidos imóveis e desamparados. 
Somos castigados,                      
não por uma ofensa nossa, 
mas por aqueles que nos impõem a espera. 
E a dor está em saber 
que nosso recurso mais precioso    
– uma fração de nossa vida – 
está sendo roubado, 
irrevogavelmente perdido.

14 comentários:

Nanda disse...

Para uma pessoa ansiosa, é duplamente terrível. E a trilha perfeita deste post não poderia ser outra: Legião. =)

Fabrício César Franco disse...

Nanda,

Ainda que haja trilhas perfeitas, para mim a melhor delas é o pronto-atendimento.

Abraço e obrigado pela visita!

Nanda disse...

Infelizmente, no mundo moderno esse é um luxo quase sempre distante.

Fabrício César Franco disse...

Nanda,

Daí então a massiva utilização de tocadores de mp3 e fones de ouvido, não é? Nossos salvadores!

Abraço!

Anônimo disse...

adorei , prefeito Fabricio :)

Fabrício César Franco disse...

Obrigado, Anônimo. Da próxima vez, que tal identificar-se? É bom saber com quem estou conversando!

Abraço!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

A versão do Affonso Romano de Sant'Anna: “A pessoa que espera está coagulada no instante. Esperar é tarefa pesada demais para os mortais. Os deuses sim, têm tempo para desperdiçar.”

Acitemos com resignação o carma de esperar... Esperemos mais uma segunda-feira, mais uma semana, mais um mês, mais um...

Bj

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

A frase do Affonso Romano de Sant'Anna é de matar, tão perfeita: coagulados no instante! Que preciosidade de tão poeticamente exata!

Obrigado por compartilhar!

Beijo!

Anônimo disse...

Esperar, espera... Porque será que ultimamente só esperamos? Queria um tempo menos sólido.

Fabrício César Franco disse...

Su,

O tempo parece estar em espasmos; flui quando menos observamos (quando nossa atenção é dedicada ao que gostamos), solidifica no mais das vezes. E com tanta obrigação, tanta coisa por fazer, parece-me que estamos sim, enclausurados em esperas.

Obrigado pela visita!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

Ah, poeta!
Teu tópico frasal já é brilhante: a espera... forma de animação suspensa.
É perfeito. Sintético. Filosófico. Abrangente.
Não sei o q dizer.

Um bjo grato - por se deixar ser lido.

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

Quem é grato por ser lido sou eu. E por estar lendo você (os livros que você me mandou finalmente estão podendo ter a leitura que merecem).

Beijo!

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
FILAS!... (expressiva ilustração para a(s) espera(s)!
...................................
Ainda hoje, ao visitar uma amiga no hospital, me exacerbei com a espera (as filas!): para apresentar identidade, para receber adesivo identificatório de visitante, para aguardar o elevador! (Ai!)
....................................
No "entrementes" (sic!) de nossas obrigações, vivenciamos, com frequência,a busca impossível do que se foi, ou que nem pudemos experimentar...("C´est la recherche du temps perdu...")
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Talvez seja para recensear esse momentos que se foram e que não os aproveitamos de modo completo que exista essa obrigação de demorar-nos no instante. Taí uma outra perspectiva para a espera...

Abraço, com carinho!

 
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