domingo, 9 de novembro de 2014

Farol


Estendo-me pela praia até o mar,
meus raios abruptos sobre as ondas
enrugadas como papel molhado.
Empoleirado em meu pedestal de granito,
eu rutilo contra o desarranjo das estrelas,
esquadrinho marés conduzidas
pelas excentricidades da lua,
escavo brumas
que se sedimentam para dormir
sobre o arrulho das águas.
Enquanto a areia e o oceano serenam,
eu sou um sol rápido
: varro o horizonte num bater de pálpebras,
adentro janelas casualmente encortinadas,
resvalando nisso e naquilo,
meu lume suavizado
pelos desgastes e usos frequentes,
amortizado em formas e talhes.
Eu me estiro em luz,
mas nunca longe o bastante
: eu não toco seu sono.


12 comentários:

Anônimo disse...

Poeta,

Li e me teletransportei pra essa praia refrescante do seu poema, longe do calor infernal que faz aqui nessa cidade.

Obrigada pela viagem,

Indie

Fabrício César Franco disse...

Indie,

Não sabia que seria possível transportar para tão longe. A paisagem que eu tinha em mente era mais onírica, mas que bom que consegui - nem que tenha sido por curtos momentos - aliviar seu calor.

Beijo!

Raquel Sales disse...

Poeta,

Que sina a dos faróis... Sempre solitários... à distância... cuidam, zelosos, dos viajantes...

Bj
Boa semana

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Sina triste, se assim pensarmos. Condenados a zelar, mas recompensados tão somente com a solidão: que paga mais ardida, mais dolorosa.

Que haja saída para a luz se aproximar.

Beijo e obrigado pela visita.

Raquel Sales disse...

Assim seja...
Ou, no mímino, que os faróis permitam atracar em portos seguros...

Hora de dormir... Já é segunda-feira, por aqui (êta horário de verão)

Ps.: A foto é de Porto Seguro...

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Sim, que hajam portos, sempre! E seguros, melhor ainda.

Gostei da foto, embora pensasse que fosse das suas aventuras europeias (Portugal me veio à mente).

Boa noite!

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Precisamos encontrar, na vida, pessoas como este "FAROL": orientam,direcionam,
"esCLARECEM"; sem perturbar "o nosso sono".
Grande abraço.
Andrea Marcondes

Rafaela Figueiredo disse...

Queria escrever um poema - lindo - assim.
Duvido que não permeies os sonos, os pensamentos de alguém... :)

Parabéns, Franco!

Beijos

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

Não tenho essa sua certeza. Seria bom, muito, se assim fosse, como você diz.

Obrigado pela visita!

Beijo!

Fabrício César Franco disse...

Andrea, Caríssima:

Que saibamos, então, espargir luz por onde passemos, onde nos seja pedido.

Obrigado pela visita e leitura atenta!

Um abraço, com muito carinho!

Pat disse...

Solidão interessante!

Fabrício César Franco disse...

Pat,

Solidão que busca o encontro. Pois farol nenhum tem sentido sem os barcos que o veem e se guiam por ele.

Beijo e obrigado pela visita!

 
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