De todos os assentos
que você poderia ter
escolhido neste amplo, desmedido
ambiente, todo
vazio, todo disponível,
você
escolheu logo
aquele próximo a mim.
Eu estava
sôfrego por solidão,
por um espaço
quieto e escuro
nos minutos desagendados
à força,
para abrandar
os círios de minha alma
nas janelas dos olhos lentos.
Queria me despir
deste indumento
de fruta couraçada
e não cogitar
das desavenças,
desperdícios
que se fomentam no mundo.
Será que você percebeu?
Eu me sentei aqui, entorpecido,
cataléptico,
pesado na cadeira,
pés descalços sobre o assoalho,
a friagem penetrando
a passo
nas solas.
Agora,
estou atento
a cada respiração sua.
Sento-me
empertigadamente
e mastigo minhas balas de goma,
circunspecto,
para não lhe perturbar
de forma alguma.
Escrito por
Fabrício César Franco
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24 comentários:
Um estranho desejo de solidão... Sempre solitário.
Até sentir um leve comichão...
Tremendo adversário!
Sozinhos e juntos naquele santuário.
Busque, toque, fique...
Mil palavras, num glossário.
Aiai... Desculpe, não resisti. Também, que poesia linda essa sua, altamente inspiradora.
Bjusss
Su,
Quando ganho comentários-presentes assim, como o seu, que engrandecem o que escrevi, eu fico num contentamento sem tamanho. Poesia que gera poesia. Eu não poderia pedir mais.
Muitíssimo obrigado!
Ah! POETA!
Só hoje pude ler seu poema postado em 17/03/12 e aproveitei para ler a postagem de hoje.
Encantou-me, novamente, sua habilidade na escolha das ilustrações!
"QUIMERA"... seu poema traduz muito bem a UTOPIA dos "amores voláteis"*: atraem, seduzem...e decepcionam.
(*Expressão usada por você).
................................
"SESSÃO DA TARDE": sua ARTE POÉTICA retratando (como eu gostaria de saber fazer), cena(s) do cotidiano!
Reitero minha admiração!
Abraço.
Andrea Marcondes
Andrea,
Sua habilidade vai além do retratar cotidiano dos fatos: sua habilidade fomentou a escrita de vida de tanta gente, que é quase impossível contabilizar. Eu sou um deles.
A admiração, tenha certeza, é mútua.
Abraço, com muito carinho!
Muito lindo, parabéns Teacher.
Abs!!
Simone,
Obrigado pelo elogio. Fico muito feliz em ter sua presença por aqui. Volte sempre!
Abraços!
Fabrício,
Hoje estava entorpecida pela rotina. O dia passando cinzento, frio e chuvoso. A alma semicerrada e precisada de estar só. Adiei a leitura, até que as atribulações dessem trégua. Finalmente, esvaziada, sorvi cada palavra. Valeu a pena. Fui resgatada do transe.
Obrigada!
Raquel,
Segundas são sempre dias entorpecedores. Que bom que houve algo que pode lhe resgatar do marasmo vigente.
Abraço!!
Poesia maravilhosa, Fabricio
levou-me à minha sala de exibição, aos cantos escuros e desejos de pés descalço e a imposição a postura que nos exige o súbito, o inesperado e indesejado que pode até se tornar desejado, tamanho o nosso costume a nos posturar, seja por nós, seja pela súbita presença.
Achei divino, poeta!
Um beijo
Van,
Maravilhosa é sua observação sobre o que eu escrevi. Fico muito honrado. No seu olhar, consigo ver nuances de coisas que nem vislumbrei, quando escrevia, originalmente. Esse é o grande presente, a grande sacada, de poder ter o que se escreve, comentado. Obrigado!
Beijo!
A intensidade é impressionante nos seus escritos. Você consegue se colocar inteiro (ao menos essa é a impressão que dá) em cada palavra.
Sempre que venho aqui, me sinto encantada com suas palavras.
Um beijo.
Magda,
É que o que eu não dou conta, exatamente, de viver eu revido na escrita. Ou, ainda, a escrita me redime muito do que não consigo viver. Ou, dizendo de outro modo, as palavras são meu salvo-conduto nessa vida. De todo modo, quando escrevo, busco o todo-mundo, o sotaque universal, o que nos faz unívocos na palavra.
Obrigado pela presença. Seja sempre bem-vinda!
Beijo!
Moço,neste espaço quanta beleza há!
Encantada com seus escritos!Beijos de boa noite!
Maria,
... Fico lisonjeado com suas palavras. E feliz, que tenha me visitado. Seja sempre muito bem-vinda!
Abraços!
já devo ter dito que gosto muito, muito de poemas que exploram o espaço - os ditos concretos.
e este... nossa! apesar de preterir companhia, é um convite ao vislumbre - e participação - da cena tão bem ins-crita.
eu adorei!
um beijo
Rafaela,
Vezes há que a solidão é um convite à melhor perspectiva do mundo ao redor, o que nos perpassa (costumeiramente) sem que sintamos, os detalhes que não percebemos. Gosto também desses poemas - ditos polaróides - que me fazem focar num único momento, a tal exploração do espaço que você menciona.
Que bom que tenha gostado!
Beijo e obrigado pela visita, mais uma vez!
Nossa, que lindo... Me emocionei.. Acho que vivo esperando quem se sente ao meu lado assim.
Caríssima,
Não queira. Quem sentar-se do seu lado assim, tenso, não vai querer seu bem. O contrário é bem mais provável. A não ser que queira um silêncio e atenção absolutos na hora de você ver seu filme.
Não foi nem a primeira, nem vai ser a última vez que isso vai acontecer...
Incrível como me vejo nos teus textos, meu amigo....
;)
Adoro isso.
Fab,
A vida (destino?) é mesmo assim, né? Sempre oferta o que não queremos - ou achamos não querer - pelo simples prazer de nos contrariar. Correto? Sim e não, porque o concreto não nos pertence. A relatividade é mesmo pessoal e intrínseca.
O que eu vejo? A solidão que oprime topando com a oportunidade. É uma pena prazerosa não conhecer o final dessa história e poder, dia-a-dia, tecer um trama diferente!
Essa é sua magia, me fazer pensar.
Grande beijo, meu carinho sempre.
Anne,
Minha maior felicidade, como escritor, é ver que consegui retratar o que/quem me rodeia, em minhas palavras. Se você se viu no que escrevo é porque eu soube ser espelho. Atingi meu objetivo.
Beijo!
Pat (acho que é você, sem assinatura...),
A trama está aberta justamente para isso, para que, quem me lê, possa elaborá-la, como quiser. Afinal, os melhores escritos são assim: uma colaboração de olhares e estórias.
O "mágico" (de araque) aqui agradece sua visita!
Beijo!
Às vezes, uma presença assim vem pra chacoalhar a vida; outras, só pra encher a paciência mesmo...rs - Mas quando é o primeiro caso, é bem bom...rs
Nanda,
Quando a presença é convidada, é de se esperar que seja bom. Mas quando surge, abrupta e tomando espaço, acaba por avacalhar-nos o cotidiano...
Obrigado pela visita!
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