A noite além dos meus ombros é
uma vastidão
que se
comprime
junto às vidraças e se adelgaça
ante a febre de outra madrugada.
A noite,
comparte na minha volta para a casa
sob a luz de
sódio,
risca destatuagens no breu,
em cujas bordas o sono vai corroendo
todas as formas,
enquanto
uma constelação distante morre
num canto qualquer
do céu.
24 comentários:
Sua visão da noite é a minha visão do dia...
À noite durmo e sonho lindas melodias
De dia vivo e sonho a vida sem ironia.
Linda poesia... Espero que sua constelação pessoal nunca entre em agonia.
Bjusss
Su,
Sou uma pessoa vespertina: o dia me atrai enquanto tarde; a noite é como uma extensão disso, mas já no seu minguar de forças. Manhã? Melhor hora para dormir...
Minha constelação anda nublada. Estou à espera de algum vento para dissipar as nuvens.
Beijo!
Engraçado... Fez-me lembrar a sensação de fim de festa; daquela que você se organiza por um mês e termina que você nem percebe...
Polly,
Que honra a minha, seu primeiro comentário aqui, para mim. Gostei tanto!
E sim, a sensação é mesmo essa, do 'tempus fugit', escorrendo pelos dedos, o presente tornando-se passado rápido demais...
Beijo, com carinho!
adoro esse tom 'noir'...
e essa liquidez - tão bem descrita aqui - das formas, que escorrem no breu de nossos sentidos.
beijão, caro!
Rafaela,
E não somos todos liquefeitos, nós que somos 70% água? Apegamo-nos às formas fixas, acho eu, para dar um semblante de ordem nessa vida... Mas quem está fixo demais está morto: a fluidez é a marca maior de nossa estadia por aqui.
Beijo, caríssima, obrigado mesmo pela visita!
Fabrício,
Como você bem sabe, a noite é minha companheira temperamental (quase bipolar). Dela sorvo emoções, por vezes suavíssimas, noutras tenebrosas. Se envolvida por luar, forma cenário mais intenso, entremeado de aromas e sons exclusivos. Mergulho às cegas na vastidão da noite e ela me ampara.
Obrigada pelo texto, que me acolheu nesta noite...
Inté
Seu NOTURNO, QUASE UM "BLUES" completou o meu domingo: noite outonal, de paz, estrelas e brisa poética...
Meu abraço, POETA.
Andrea Marcondes
Raquel,
Quem agradece a visita sou eu. Volte sempre, é um prazer ter sua leitura.
Inté!
Andrea, caríssima:
Bom saber que um mero texto possa trazer o desfecho bom para um dia.
Abraço, com carinho!
A noite tem a sua beleza,basta olhar com atençao e sempre algo de belo se vê
Fabricio,Passo para te desejar uma excelente semana,beijo
Carla Granja
http://paixoeseencantos.blogs.sapo.pt/
Carla,
Concordo contigo: a beleza está mesmo nos olhos de quem vê, não importa a hora. Contudo, há noites mais sombrias que outras...
Beijo!
Escorre melancolia desses versos. Para mim, não há ambiente mais propício para tal sentimento que o narrado por você.
"Enquanto uma constelação distante morre num canto qualquer do céu" ... bonito isso.
Will,
Também penso assim. Ao final do dia, pensar o que se fez (e o que não conseguimos fazer) traz essa sensação melancólica, quase sempre sob a luz merencória da lua. Recensear os erros e acertos, admitirmo-nos falhos e incompletos, buscar forças para um novo dia: a noite é para tudo isso e mais.
Abraço e obrigado pela visita!
"Risca destatuagens no breu"... que coisa tão linda... que invenção maravilhosa destatuar os dias. Esses mais melancólicos, aos menos. Esses que são quase blues... Beijos, poeta querido!
Ariana,
O negrume da noite nos ajuda nessa empreitada: poder zerar, ainda que por momentos, todos os desenhos e rabiscos que o dia nos fez.
Beijo, escritora!
Oi Fabricio,
gosto da noite, em geral ela me faz sentir paz, mas existem as melancólicas, também.
Beijos
Van,
Sou vespertino. A tarde me comove mais. A noite, sempre acho, tem aquele toque merencório.
Beijos e obrigado pela visita!
Nada tenho de noturna; na verdade, costumo ver o sol nascer e acabo dormindo bem cedo. Isso tudo foi pra dizer que nunca consegui observar a noite desta forma. Ficarei mais atenta agora.
Nanda,
Eu vi pouco o sol nascer, é meu horário de sono favorito. A noite, por seu lado, sempre me foi mais convidativa...
Obrigado pela visita e pelo comentário!
até a beleza do céu é feita de morte.
gostei imenso do que li, poeta.
um beijo!
Talita.
Obrigado pelo alento, Poetisa. Ando precisando desses 'empurrãozinhos'. Afinal, escrever (e ser lido) tem sido um tanto o quanto solitário.
Beijo, com carinho!
A negritude dela nos leva a tantas viagens e tantas saídas, chegadas.
Abraço
Fer.
Fernanda,
Seria a noite então um gigantesco navio, locomotiva ou aeroplano que nos leva, passageiros todos, de aqui a acolá, mesmo que não queiramos?
Abraço!
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