sexta-feira, 13 de abril de 2012

Noturno, quase um 'blues'


A noite além dos meus ombros é
uma vastidão
que se comprime
junto às vidraças e se adelgaça

ante a febre de outra madrugada.
A noite,
comparte na minha volta para a casa
sob a luz de sódio,
risca destatuagens no breu,

em cujas bordas o sono vai corroendo
todas as formas,
enquanto
uma constelação distante morre
num canto qualquer
do céu.

24 comentários:

Anônimo disse...

Sua visão da noite é a minha visão do dia...
À noite durmo e sonho lindas melodias
De dia vivo e sonho a vida sem ironia.

Linda poesia... Espero que sua constelação pessoal nunca entre em agonia.

Bjusss

Fabrício César Franco disse...

Su,

Sou uma pessoa vespertina: o dia me atrai enquanto tarde; a noite é como uma extensão disso, mas já no seu minguar de forças. Manhã? Melhor hora para dormir...

Minha constelação anda nublada. Estou à espera de algum vento para dissipar as nuvens.

Beijo!

Pollyana disse...

Engraçado... Fez-me lembrar a sensação de fim de festa; daquela que você se organiza por um mês e termina que você nem percebe...

Fabrício César Franco disse...

Polly,

Que honra a minha, seu primeiro comentário aqui, para mim. Gostei tanto!

E sim, a sensação é mesmo essa, do 'tempus fugit', escorrendo pelos dedos, o presente tornando-se passado rápido demais...

Beijo, com carinho!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

adoro esse tom 'noir'...
e essa liquidez - tão bem descrita aqui - das formas, que escorrem no breu de nossos sentidos.

beijão, caro!

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

E não somos todos liquefeitos, nós que somos 70% água? Apegamo-nos às formas fixas, acho eu, para dar um semblante de ordem nessa vida... Mas quem está fixo demais está morto: a fluidez é a marca maior de nossa estadia por aqui.

Beijo, caríssima, obrigado mesmo pela visita!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

Como você bem sabe, a noite é minha companheira temperamental (quase bipolar). Dela sorvo emoções, por vezes suavíssimas, noutras tenebrosas. Se envolvida por luar, forma cenário mais intenso, entremeado de aromas e sons exclusivos. Mergulho às cegas na vastidão da noite e ela me ampara.

Obrigada pelo texto, que me acolheu nesta noite...

Inté

Anônimo disse...

Seu NOTURNO, QUASE UM "BLUES" completou o meu domingo: noite outonal, de paz, estrelas e brisa poética...
Meu abraço, POETA.
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Quem agradece a visita sou eu. Volte sempre, é um prazer ter sua leitura.

Inté!

Fabrício César Franco disse...

Andrea, caríssima:

Bom saber que um mero texto possa trazer o desfecho bom para um dia.

Abraço, com carinho!

carla disse...

A noite tem a sua beleza,basta olhar com atençao e sempre algo de belo se vê

Fabricio,Passo para te desejar uma excelente semana,beijo

Carla Granja


http://paixoeseencantos.blogs.sapo.pt/

Fabrício César Franco disse...

Carla,

Concordo contigo: a beleza está mesmo nos olhos de quem vê, não importa a hora. Contudo, há noites mais sombrias que outras...

Beijo!

Will Carvalho disse...

Escorre melancolia desses versos. Para mim, não há ambiente mais propício para tal sentimento que o narrado por você.
"Enquanto uma constelação distante morre num canto qualquer do céu" ... bonito isso.

Fabrício César Franco disse...

Will,

Também penso assim. Ao final do dia, pensar o que se fez (e o que não conseguimos fazer) traz essa sensação melancólica, quase sempre sob a luz merencória da lua. Recensear os erros e acertos, admitirmo-nos falhos e incompletos, buscar forças para um novo dia: a noite é para tudo isso e mais.

Abraço e obrigado pela visita!

AZ disse...

"Risca destatuagens no breu"... que coisa tão linda... que invenção maravilhosa destatuar os dias. Esses mais melancólicos, aos menos. Esses que são quase blues... Beijos, poeta querido!

Fabrício César Franco disse...

Ariana,

O negrume da noite nos ajuda nessa empreitada: poder zerar, ainda que por momentos, todos os desenhos e rabiscos que o dia nos fez.

Beijo, escritora!

Anônimo disse...

Oi Fabricio,

gosto da noite, em geral ela me faz sentir paz, mas existem as melancólicas, também.

Beijos

Fabrício César Franco disse...

Van,

Sou vespertino. A tarde me comove mais. A noite, sempre acho, tem aquele toque merencório.

Beijos e obrigado pela visita!

Nanda disse...

Nada tenho de noturna; na verdade, costumo ver o sol nascer e acabo dormindo bem cedo. Isso tudo foi pra dizer que nunca consegui observar a noite desta forma. Ficarei mais atenta agora.

Fabrício César Franco disse...

Nanda,

Eu vi pouco o sol nascer, é meu horário de sono favorito. A noite, por seu lado, sempre me foi mais convidativa...

Obrigado pela visita e pelo comentário!

Talita Prates disse...

até a beleza do céu é feita de morte.

gostei imenso do que li, poeta.

um beijo!

Talita.

Fabrício César Franco disse...

Obrigado pelo alento, Poetisa. Ando precisando desses 'empurrãozinhos'. Afinal, escrever (e ser lido) tem sido um tanto o quanto solitário.

Beijo, com carinho!

Fernanda Fraga disse...

A negritude dela nos leva a tantas viagens e tantas saídas, chegadas.
Abraço
Fer.

Fabrício César Franco disse...

Fernanda,

Seria a noite então um gigantesco navio, locomotiva ou aeroplano que nos leva, passageiros todos, de aqui a acolá, mesmo que não queiramos?

Abraço!

 
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