domingo, 19 de agosto de 2012

Herança


Na família de meu pai
morre-se de infarto.
Na de minha mãe,
de câncer.

Demorou-me um pouco
para que eu percebesse
que as famílias dele e dela
somaram-se em mim,
tornaram-se a minha.

Agora ouço antepassados em querela:
“Ele será um dos nossos”.

“Não, dos nossos”.

14 comentários:

Anônimo disse...

E, no fim, seremos o que sempre fomos... Humanos cheios de deficiências e qualidades únicas. O que vale é o que criamos ao longo da vida e os amigos que conquistamos, porque depois, sempre faremos parte.
Bjuss

Anônimo disse...

Se eu fosse você, poeta, pra contrariar, morreria só de amor!

A imagem é belíssima. O meu céu preferido, o de tormenta.

Patricia.

Fabrício César Franco disse...

Suzana,

... É nesse durante que estou me construindo, minha cara.

Obrigado pela visita!

Abraço!

Fabrício César Franco disse...

Patrícia,

A ideia de perecer não me parece boa, nem se for só para ser de amor. Crise da meia-idade? Bem que pode ser (risos abafados)...

Beijo!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

da mesma herança padeço, só acrescente diabetes na listinha. Aff! Melhor viver iludida sem pensar a respeito...

Inté.

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Não me iludo; tampouco fico tenso, absorto nessa verdade premente. Apenas a reconheço como possível, mas almejando escapar dela o quanto posso.

Abraço e obrigado pela visita!

Magda Albuquerque disse...

E sempre sempre nada e um pouco de tudo e de todos.
E aos poucos também seremos um bocado de nós mesmos; é possível também sejamos um dos nós mesmos.

Sempre que volto ao seu blog, me sinto alimentada com tanta suavidade e leveza.

Beijo.

Fabrício César Franco disse...

Magda,

Fico honrado com sua visita e elogios. Seja, sempre, bem-vinda por aqui!

Um beijo.

Anônimo disse...

Sei que você é extremamente querido em sua família, caríssimo POETA!
...................................
(Prefiro "deletar a genética amarga" lembrada no poema!)
...................................
E reitero: felizes os que "trouxeram ao mundo" pessoas como você!
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Sou imensamente grato à minha família pelo que sou, inclusive pelos detalhes genéticos (embora eu, de vez em quando, fico pensando como seria bom que minha bisavó materna não tivesse olheiras, assim não teria passado isso para a filha, nem para a neta, e aí, nem para mim). Aproveito a deixa e digo: tenho muito orgulho de quem me trouxe ao mundo, sem sombra de dúvida!

Abraço, com muito carinho!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

senti um tom cômico - apesar de trágico.
mas o que é a vida senão isto em fusão?!

beijo, Franco!

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

O tema já é pesado, por si. Rir das dores faz parte do nosso itinerário de vida, acredito eu. Não resisti.

Beijo!

Will Carvalho disse...

Confesso que - perdoe, não fiz por mal - senti vontade de rir quando terminei de ler seus versos. Senti um tom cômico dos bons. É o melhor a se fazer nessas situações

abs

Fabrício César Franco disse...

Will,

Não há que se pedir desculpas. Rir dos medos é nosso melhor modo de enfrentá-los com mais vigor, de ganhar coragem para enfrentá-los.

Abraço!

 
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