domingo, 4 de agosto de 2013

Etc. & Tao


Não sou dono
desse átomo em meu dedo, sequer
deste outro em meu peito.
Todos são

trocados a cada sete anos,
mais ou menos. Assim,
nem posso dizer
que esse corpo me pertence, já

que a cada meia década
e meia sou outro. (Somente
a essência é constante, no entanto
mesmo ela se perde).

Desordenada matéria
de ar, água e pó
vai me formando
em cadência morosa,

passo de marcha em fileira cerrada,
para então se dispersar
e partir numa miríade
de caminhos distintos.

Como um cano de drenagem
que recolhe a chuva
num telhado encharcado,
para logo após

espargi-la aleatoriamente
na rua, somos tão só
um conduto
da desordem ao caos.


16 comentários:

Anônimo disse...

Poeta,

A impressão que tenho é que seus átomos são tão geniais que sempre se agrupam, se renovam de um jeito mais interessante ainda, porque o tempo vai passando e você fica cada dia melhor,mais bonito.
E com a essência não é diferente.A sua não se perde.Ela permanece, e agrega todas as coisas boas que os novos dias trazem pra você.

Não canso de me surpreender contigo.

Morena

Fabrício César Franco disse...

Morena,

Surpreendido fiquei eu, com tanto carinho. Fico, também, sem palavras para agradecer. Mas saiba, seu comentário calou fundo no peito. Obrigado, mesmo!

Regina Bittencourt disse...

A síndrome dos 7. Evolução muito boa. Mais uma de suas belas poesias. Parabéns! Avante!

Rafaela Figueiredo disse...

Nunca deixo de me surpreender com vc tb, Franco!
Não porque não espero q o faça, pelo contrário; mais q isso: porque espero, e vc transcende a expectativa.
Lindo, lindo poema! Deu-me muita nostalgia de ler coisas grandiosas assim, da época em q me cercava de leituras poéticas a qlqr hora do dia, todo dia.
(Sim, estou órfã há um longo tempo... sinto-me triste por isso.)

Um beijo

Fabrício César Franco disse...

Regina,

Obrigado pela visita e pelas palavras gentis. Seja sempre bem-vinda por aqui!

Abraço!

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

... Primeiramente, meu muito obrigado. Seu olhar generoso sobre meu texto me enche de alento, para tentar novos voos.

Sobre estar órfão de leituras poéticas: sei bem do que diz. Há bem poucas pessoas insistindo em escrever poesia, parece-me. Os blogs que tenho lido caem numa repetição, em sua maioria, de uma cantilena romântica superficial, na tentativa (vã?) de serem poéticos. Acabam como sub-literatura de banca de revista, coisas frugais para olhares adolescentes. Uma pena.

Um beijo!

Raquel Sales disse...

Poeta,

Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma (coisas do Lavoisier). Transforma-se matéria em energia... Transforma-se entropia em entalpia... Transforma-se partida em chegada... Transforma-se dor em ânimo... E a nós, cabe reconhecer tamanha efemeridade... E aceitar que “a vida só é possível reinventada” (Cecília Meireles)...
E pensar que TUDO saiu de um pontinho perdido no meio do nada. Bendito BIG-BANG!!!!

Bj... inté...

P.S.: Peço perdão a seus leitores por não me desvencilhar do paradigma científico (muitas vezes, nada poético)...

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Admiro, sobretudo, a sua ESSÊNCIA.
....................................
Células nascem... morrem..."Cést la vie".
.....................................Que seu CAMINHO seja pleno de PAZ, AMOR, CONQUISTAS - e POESIA!
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Ao contrário, sua cientificidade é plena de poesia, até mesmo porque a vida - objeto de estudo da ciência - assim o é. Gosto muito do que você me deixa, por aqui.

Beijo!

Fabrício César Franco disse...

Caríssima Andrea,

... A poesia tem sido companheira, por tantos anos. É, muitas vezes, a sombra que baliza meus passos, a direção a que rumo. A essência, diria até, do que tento ser, todos os dias.

Abraço saudoso!

Anônimo disse...

Oi Fabrício

Ainda assim, sabendo que nada se pode reter, que tudo se refaz ou se desfaz alheio à nossa vontade e posse, insistimos em pertenças em propriedade, quase como um conforto que sinaliza-nos segurança em um universo onde nada é seguro e muito menos definitivo.

Mil beijos

Fabrício César Franco disse...

Van,

... Você disse tudo: seguramo-nos, precariamente, nas pertenças para não nos perdermos na indefinição.

Muito obrigado pela visita!

Beijos!

Nanda disse...

Apesar de tantas mudanças, o essencial permanece. :)

Fabrício César Franco disse...

Nanda,

... É o único conforto que encontramos, ao final de tudo.

Obrigado pela visita!

Abraço!

Anônimo disse...

Sabe, fiquei algum tempo perdida em meus próprios momentos e, quando retorno - com todo prazer - aos seus escritos, deparo-me com uma obra incrível e surpreendente como esta. Adorei.
Bjusss

Fabrício César Franco disse...

Su,

... Que esses tempos, que você se encontra ensimesmada, não sejam longos. Gosto de sua visita por aqui.

Beijo!

 
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