quarta-feira, 23 de maio de 2012

Canto geral


No que recuso o amor verbal,
desvalorizado
pelo excesso de aplicações ridículas:
pretendo,
simplesmente,
o aconchego das palavras
sem ciladas de sentido.

E no que evito a paixão
feita extorsão,
que chantageia cada palmo de atenção
com beijos como que ultimatos:
reclamo uma única noite
marcada na pele.

Assim subverto a vida.
Assim amo.



16 comentários:

AZ disse...

E o que é a vida de verdade, se não subversão?

Beijos!

Fabrício César Franco disse...

Ariana,

Você acertou o ponto nevrálgico: é vida, de verdade!

Beijo!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

Infelizmente, as palavras promovem "ciladas de sentido" e, portanto, ciladas de amor... E a gente passa a vida fugindo/caindo/morrendo/ressurgindonestas ciladas... E é feliz (ou masoquista?) assim...

Inté

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Mas ainda insisto nessa busca, pois sei que é possível encontrar relações assim, mesmo que momentâneas, ou, até melhor, que acontecem numa sucessão de momentos bons.

Obrigado pela visita!

Abraço!

Diego Sal disse...

O que torna amar táo difícil, é que ele é apenas amar. Estamos tomados por explicações projeções e interesses. O amor não aceita isso.

salpage.blogspot.com.br

Fabrício César Franco disse...

Diego,

Concordo. Contudo (há sempre um 'contudo' nessa vida), somos seres matizados de palavras. Sem elas, perdemos nossa condição - tão premente - de seres comunicantes. E amor, sem comunicação, é apenas um fraquíssimo olor de afeto.

Abraço!

Anônimo disse...

Amor...
Há um elemento que atravessa seus poemas, sempre que "tratam" deste tema: é a inquietação que o amor traz.
(Assim fizeram e fazem os bons POETAS!)
Veja:
"O amor atinge raso,
e fere tanto.
Nu a nu,
fome a fome,
não confiscamos nada
e nos vertemos".
("Ciclo", de Carlos Drummond de Andrade)
...................................
Abraço, com admiração,
Andrea Marcondes

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

Comparar-me a Drummond. Quanta honra! Sei que não sou nem páreo, mas fico muito contente em saber que meus escritos podem suscitar lembranças de algo que ele escreveu. Muito obrigado!

Abraço, com muito carinho!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

sou super a favor do amor como expressão [não-verbal].

mas são muito bem-ditos teus versos para falar disso!

um beijo, caro

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

Vezes há que sentir prescinde de palavras. É ser, apenas.

Beijo, minha cara!

Anônimo disse...

Não sei se temos controle quando a paixão chega igual caminhão desgovernado. Acho que apenas vamos. Indo, somos. E se voltamos é sempre sem querer. Ela, a dona da situação, que me subverte.

Beijo.

Patricia.

Fabrício César Franco disse...

Patrícia,

Tem toda razão. Contudo (sempre há um contudo!), por isso que meu poema é esse manifesto, essa 'vontade-de-ser' antes que o seja. Há de ser diferente, em algum tempo. Afinal, para que servem os manifestos e as vontades?

Beijo e obrigado pela visita.

Will Carvalho disse...

Vejo grande valor tanto no amor falado quanto no amor sentido (se é que o falado não tem o sentido contigo nele). Na dúvida, sigamos fingindo que é dor a dor que deveras sentimos. E viva o Pessoa

Fabrício César Franco disse...

Will,

Que ambos (o amor falado e o vivido) sejam constantes nessa nossa vida inconstante.

E - sempre - que haja poesia!

Abraço!

Anônimo disse...

Versos ricos, carregados de vida... subversão? Sim, sempre... rs
Bjusss

Fabrício César Franco disse...

Suzana,

Que bom que pôde passar por aqui, novamente. Poesia = subversão, sempre!

Beijo!

 
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