quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Litania




Breve corcova de silêncio
: somos tanto e somos nenhum,
com nossas necessidades agudas e apetites
de hienas por verdades hediondas.
O medo nos aguarda nas costas da alma.
Vivemos uma religião de ficções delicadas.
Estamos todos sozinhos.

12 comentários:

Anônimo disse...

A verdade que dá pena: estamos todos sozinhos......
Sua poesia toca fundo no coração. Faz-nos sentir um aperto como se um grande peso nos clamasse alto para ser retirado de sobre nós...
Bjuss

Fabrício César Franco disse...

Su,

Tento falar - maioria das vezes - do que se me dá, todos os dias. Reflito, em palavras, o que me acontece. Infelizmente, nem tudo são flores. Percebo, também, os espinhos, os fulcros, os ramos quebrados e retorcidos. Não dá para me esconder deles.

Beijo!

Raquel Sales disse...

Fabrício,

Vivo com as costas da alma em pânico... A sensação de ser tanto e nada atormenta (ou é tormenta?). A maior dificuldade não é viver só, e sim viver comigo... Por vezes, sou minha pior inimiga... Argh! Felizmente, há a ficção pra nos salvar.

Bj
Inté

Fabrício César Franco disse...

Raquel,

Acredito que estamos, todos, sujeitos às intempéries psíquicas desta vida. Ninguém é imune. E nossas sombras, lados avessos, são - sim! - nossos maiores predadores. Ficção? Não sei se é salvação ou lenitivo, tão somente. O que salva - cruelmente - só vem depois.

Obrigado pela visita!

Anônimo disse...

Caríssimo POETA,
Instigante, verdadeiro ( "como de sempre"), o seu poema.
Compreendo de que SOLIDÃO o texto fala. E, sobretudo, asseguro-lhe que, conhecendo seus familiares, sei que, mesmo à distância, estão a seu lado, porque amam e admiram você, profundamente.
..................................
Experimento também, medos, necessidades... Mas decidi escolher a minha LITANIA "autoterápica"(sic):"CONSERVAR A ESPERANÇA. DEIXAR-ME SURPREENDER POR DEUS."
Grande abraço,
Andrea Marcondes

Nanda disse...

Quando gostamos da nossa companhia, a frase final não fica tão pesada. E vamos seguindo, entre momentos de solidão e companhia; medo e festa. Beijos.

Fabrício César Franco disse...

Andrea,

... A garantia desse companheirismo amoroso por minha família é o que me faz caminhar, diariamente.

Abraço, com saudades!

Fabrício César Franco disse...

Nanda,

É isso mesmo. Que saibamos lidar com esse fragilíssimo equilíbrio!

Beijo e obrigado pela visita!

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

um tema - uma realidade - que me acompanha é a solidão. e ando sem voz para pedir q me deixe.

nestes tempos, sua oração é indefectível, poeta...
obrigada, mais uma vez, por ser porta-voz.

um beijo

Fabrício César Franco disse...

Rafaela,

... Seu comentário me mostra, inegável, uma coisa: não estamos sozinhos quando partilhamos solidão.

Encontramo-nos.

Beijo!

Bruna A. disse...

"Somos todos e somos nenhum". Quiçá, nunca saberemos de fato quem por dentro nos habita, ou então nunca saberemos até onde somos o que achamos ou somos o que o outro vê. Em questões de identidade interna expressa, prefiro não conhecer todos os meus ângulos e todas as lacunas. Sem já conhecer já me sufoco comigo mesma...
Viver é um eterno tropeçar nas próprias pernas.
Adoro seus versos =]

Bruna A.

Fabrício César Franco disse...

Bruna,

Primeiro: obrigado pela visita! Mais ainda, pelo comentário. Fique sempre à vontade para fazê-lo, muito me alegra.

Depois: bom mesmo é abrir as portas internas de par em par, deixando-nos livres para transitar por nós mesmos, revisitar-nos, até que saibamos - de cor! - nossos trajetos íntimos, por mais diversos que sejam. Se acaso sufocar, ou parecer fazê-lo, abra janelas, deixe o que é pesado sair, em palavras, lágrimas, ou desenhos. Cante, funciona bastante! Sobretudo, escreva. Quem sabe que ler você não possa ser levado pelo fio de Ariadne de suas palavras e adentrar o labirinto e lhe salvar?

Um beijo e volte sempre!

 
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