segunda-feira, 4 de maio de 2020

Da janela

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do Diário do Confinamento
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Da minha janela não dá para ver muito.
Já tive janelas melhores, em lugares piores.
Também já nem tive janelas, tão-só
olhando para dentro: oclusos arredores.
Mas o que é janela é senão um modo de olhar?
O resto são pormenores.

Da minha janela não dá para ver muito.
Continuamente pouca coisa, quase nada.
Os mesmos rituais de todo dia,
a vida pelo crivo do familiar desvendada.
Única mudança: perceber 
nossa esperança mais e mais precarizada.

2 comentários:

Rafaela Figueiredo disse...

Está difícil mesmo. E não há janela pela qual deixar entrar (ou sair e se espalhar)... Quem sabe, toda paisagem não está por se desenhar?

Fabrício César Franco disse...

Poetisa,

... Assim espero, e que seja uma paisagem menos calcada na exploração do outro, com mais liberdade de poder se direcionar para onde se quiser, para onde haja respeito.

 
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